Cheque veio de outro assessor, afirma investigado no caso da merenda em SP
O advogado Mauricio Jalil, que representa José Merivaldo dos Santos, investigado sob suspeita de ter recebido propina em um suposto esquema de fraudes na merenda em São Paulo, afirmou nesta segunda-feira (8) que o nome de seu cliente foi indevidamente envolvido no caso.
Merivaldo é ex-assessor do presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez (PSDB), e estava lotado, na época dos fatos, na liderança do PSDB na Casa.
Como a Folha noticiou, Merivaldo depositou em sua conta, no ano passado, um cheque emitido pela cooperativa suspeita, a Coaf, no valor de R$ 50 mil.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
CAMINHO DO DINHEIRO Investigados na máfia da merenda, assessores de Fernando Capez (PSDB) teriam recebido pagamento de propina |
O cheque era para pagar a primeira parcela de um total de R$ 200 mil previstos em um contrato de gaveta assinado entre a Coaf e outro ex-assessor de Capez, Jeter Rodrigues Pereira.
Para investigadores, tanto o contrato como o cheque eram referentes a propina do esquema da merenda.
Segundo Jalil, porém, Merivaldo colocou seu nome no cheque e o depositou em sua conta a pedido de Pereira, que é quem o havia recebido da Coaf.
O defensor afirmou que Merivaldo aceitou fazer isso porque Pereira lhe disse que o dinheiro era fruto de um serviço prestado e ele não poderia depositar em sua própria conta por causa de dívidas –o que faria o valor ser bloqueado.
Além disso, de acordo com Jalil, Pereira devia uma quantia a Merivaldo, que seria descontada desses R$ 50 mil. O cheque da Coaf, porém, voltou porque não tinha fundos.
"Merivaldo iria sacar o dinheiro e entregar para o Jeter", disse o advogado.
Jalil também negou que o negócio previsto no contrato de gaveta entre Pereira e a Coaf fosse ser transferido para uma empresa do filho de Merivaldo, como disse Pereira em entrevista à Folha em abril. Para o defensor, a história não faz sentido.
"Por que o nome do Merivaldo ou da empresa do filho dele não está no contrato com a Coaf desde o início, se eles estavam atuando juntos?", questionou. Para Jalil, a versão de Pereira é mentirosa.
Procurado, Pereira disse que foi contratado pela Coaf para levantar certidões em cartório e acompanhar o processo junto à Secretaria de Educação, mas que o serviço não foi prestado por falta de pagamento.
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