Em campanha na zona sul, Haddad rebate críticas a Lula e a Chalita
Jorge Araujo/Folhapress | ||
O prefeito Fernando Haddad no primeiro dia de campanha pela Prefeitura de São Paulo |
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), irritou-se e retrucou, nesta terça-feira (16), um grupo de jovens que chamou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ladrão e fez ataques pessoais ao seu vice, Gabriel Chalita (PDT), durante sua primeira atividade de campanha à reeleição.
Sobre um caminhão montado em M'Boi Mirim, zona sul da cidade, Haddad interrompeu um minicomício para repreender cerca de 20 militantes do vereador Milton Leite (DEM) que gritavam ao pé desse palanque improvisado. O vereador é aliado do candidato do PSDB, João Doria.
"Estamos orientando nossa militância a não estragar o comício dos outros candidatos. Queremos fazer nossa conversa com a nossa gente. Muitos de vocês não eram nem nascidos...", argumentou Haddad.
Mas os jovens intensificaram os xingamentos. "Não fala isso, rapaz. Você está falando bobagem", reagiu o petista.
"Os pais de vocês, que são trabalhadores, não conseguiam passar de ônibus aqui", disse ele, listando ações da Prefeitura na região.
O ex-secretário Eduardo Suplicy (PT), agora candidato a vereador, desceu do caminhão para conversar com os jovens e ouviu deles queixas segundo as quais as reivindicações do vereador petista Paulo Batistas Reis seriam privilegiadas em detrimento dos pedidos de Milton Leite. Após a conversa, os rapazes – cada um com seu copo de cachaça "barrigudinha" – gritaram "ero/ero/ero. Suplicy é maloqueiro".
Esse não foi o único percalço da largada de Haddad na disputa municipal. Minutos antes, Haddad ouviu reclamações de moradores da região, cujas casas serão desapropriadas para conclusão do sistema viário e canalização de córregos da Ponte Baixa. O complexo, cuja inauguração está prevista para o fim de setembro, custa cerca de R$ 1,1 bilhão, sendo o maior investimento do governo Haddad.
Ao fazer a vistoria, ainda como status de prefeito, Haddad foi abordado por moradores contrariados com a avaliação de peritos para seus imóveis. Um deles é o aposentado José Elias da Silva, de 81 anos, que reivindica pelo menos R$ 900 mil por um imóvel avaliado em R$ 637 mil.
Haddad explicou que a avaliação é tarefa do Judiciário e recomendou que os descontentes recorressem à Justiça.
Logo depois, ao passar em frente a uma casa, perguntou ao secretário de Infraestrutura, Roberto Garibe, se era aquela a de José Elias. E criticou o fato de o proprietário querer se beneficiar do que chamou de "mais valia", a valorização do imóvel após os investimentos feitos pela Prefeitura.
Acompanhado por cinco seguranças, além de dois da empresa responsável pela obra, ele também ouviu apelos por mais segurança e manutenção de professores contratados nas escolas municipais.
Durante entrevista, Haddad comentou os ataques feitos por João Doria ao PT e chamou o adversário tucano de politicamente imaturo.
"É um equívoco atacar uma agremiação. Atacar um partido, uma igreja, um time de futebol. Somos um milhão e meio de filiados. Há 1.499.990 sobre quem não paira dúvida sobre conduta, compromisso com a cidade e compromisso com o país. Errado atacar agremiações. Não faz sentido. É uma atitude imatura politicamente".
O prefeito comentou ainda a decisão da candidata do PMDB, Marta Suplicy, de lançar sua campanha num CEU. Questionado se essa seria uma tentativa de Marta se apropriar da maternidade dos CEUs, Haddad disse que isso é "próprio de pessoas personalistas".
"Fulanizar conquistas, tentar se apropriar individualmente, é próprio das pessoas que são personalistas. Não faz parte da minha cultura política."
Para evitar problemas legais, o prefeito teve que alterar a agenda previamente definida. Originalmente, ele daria início à campanha às 11h. Mas, como só poderá se dedicar às atividades eleitorais fora do expediente, subiu no caminhão apenas às 12h42.
Durante percurso, uma eleitora gritou: "Tira o casaco, prefeito gato".
Haddad disse que escolhera o casaco vermelho porque era bonito e não o tirou do corpo.
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