Para governo, polêmica com Renan impede neutralidade em impeachment
Pedro Ladeira/Folhapress | ||
O presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB) |
O governo interino de Michel Temer avaliou nesta sexta-feira (26) que o discurso inflamado do presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), contra aliados da presidente afastada Dilma Rousseff inviabilizou a possibilidade dele se manter neutro na votação final do processo de impeachment.
Sob pressão do Palácio do Planalto para votar a favor do afastamento da petista, o peemedebista, que até então mantinha postura de neutralidade, protagonizou um bate-boca com a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), considerada uma das maiores defensoras da presidente afastada.
A postura foi comemorada por assessores e auxiliares presidenciais, para os quais o presidente do Senado Federal acabou adotando publicamente um dos lados no debate sobre o impeachment, tornando difícil um recuo a partir de agora. Para um aliado do presidente interino, "o magistrado acabou tirando a toga".
Na votação da pronúncia do impeachment, o peemedebista manteve-se neutro e vinha dando sinais ao Palácio do Planalto de que repetiria a postura no julgamento final.
Um voto do presidente do Senado Federal favoravelmente ao afastamento da petista é considerado importante pelo presidente interino como uma demonstração pública de força política que o legitima a continuar à frente do governo federal.
Com esse objetivo, Temer vinha fazendo acenos políticos em direção a Renan, entre eles os convites para a cerimônia de encerramento da Olimpíada do Rio de Janeiro e para a reunião do G-20, na China, no qual o peemedebista acompanhará o presidente interino.
Para interlocutores de Temer, o PT desde o primeiro dia decidiu provocar Renan, lembrando que Gleisi questionou já no primeiro dia da fase final do julgamento o jantar realizado na quarta-feira (24) com as presenças do presidente do Senado Federal e do presidente interino.
Na avaliação do Palácio do Planalto, o dia de ânimos acirrados na manhã desta sexta-feira (26) também deve levar outros senadores, que vinham prometendo votar com a petista, a mudar de lado.
O governo interino vem negociando com pelo menos três senadores aliados da petista para votarem pelo afastamento definitivo dela.
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