Operação suspeita que prefeita de Ribeirão receberia parte de propina
Edson Silva - 3.out.2014/Folhapress | ||
A prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera (PSD), investigada pelo Ministério Público |
A operação Sevandija, da Polícia Federal e da Promotoria, que apura o maior escândalo de corrupção da história de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), suspeita que a prefeita Dárcy Vera (PSD) seja beneficiária de parte da propina paga para a prefeitura liberar honorários advocatícios referentes a um acordo de R$ 800 milhões.
Os indícios são de que a propina tinha como finalidade priorizar os pagamentos a uma advogada, deixando de pagar por serviços essenciais, como a coleta de lixo, além de atrasar repasses a hospitais filantrópicos e ao IPM (Instituto de Previdência dos Municipiários).
O montante de R$ 800 milhões é o total que vem sendo pago a servidores da prefeitura devido a perdas decorrentes do Plano Collor. Já foram pagos mais de R$ 300 milhões, além de cerca de R$ 40 milhões em honorários.
Esses honorários é que são o alvo da investigação. A advogada Maria Zuely Alves Librandi, que desde 2009 exercia a função de assistente da Secretaria da Casa Civil do município, foi advogada do Sindicato dos Servidores quatro anos antes, tendo atuado no processo que resultou no acordo.
Os pagamentos a ela começaram a ser feitos em janeiro de 2013 e, até junho deste ano, chegaram a R$ 37 milhões.
Segundo os investigadores, a operação descobriu que a advogada pagava propina a Marco Antonio dos Santos e possivelmente a "mais alguém". Santos era secretário municipal de Administração e foi preso temporariamente no último dia 1°, quando a Sevandija foi deflagrada.
Em uma das escutas telefônicas interceptadas com autorização judicial, Maria Zuely conversa com outro advogado, Sandro Rovani, que também está detido. Ela diz que iria sacar R$ 70 mil no banco e pede para Rovani levar R$ 50 mil para "o nosso amigo" e o restante para "ela".
A suspeita da investigação é que "ela" seja uma referência a Dárcy.
OUTRO LADO
O advogado Leandro Librandi, filho de Maria Zuely, disse à Folha que o acordo envolvendo o pagamento aos servidores foi homologado judicialmente e que os honorários pagos a sua mãe são proporcionais ao montante envolvido.
De acordo com ele, após o início do pagamento, começaram a surgir "dificuldades" para o recebimento, sem especificar quais. "Ao que parece, ela estava sendo chantageada para ter o direito dela", disse o advogado, sem detalhar.
Ele indicou o advogado Luiz Carlos Bento como representante de Maria Zuely, mas a Folha não obteve contato com ele nesta quinta-feira (8).
A prefeita de Ribeirão Preto não comentou a operação, cujo início completou uma semana, e tem evitado eventos públicos. Não foi, por exemplo, ao desfile de Sete de Setembro, na quarta-feira (7).
Uma página da prefeita numa rede social também foi apagada. Mas, segundo sua assessoria, ela foi invadida e a prefeita iria registrar ocorrência policial sobre o caso.
A defesa de Dárcy tem alegado que ela é a "maior interessada" no esclarecimento dos fatos.
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