Rodrigo Maia articula para se reeleger à presidência da Câmara
Alan Marques - 14.jul.16/Folhapress | ||
O presidente Michel Temer e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, em julho |
Apesar de incertezas jurídicas sobre a possibilidade de se reeleger, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já se movimenta para conseguir se manter no cargo, em fevereiro.
Ele começou a analisar nesta semana os cargos da Mesa Diretora que podem ser distribuídos em troca de apoio à sua recondução.
Também passou a buscar pareceres de especialistas que embasem sua candidatura, embora o regimento interno da Câmara diga que a reeleição só é possível na legislatura seguinte.
Quando foi eleito em julho, após a renúncia de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Maia tomou posse para um mandato-tampão, até fevereiro.
Ao tentar se manter no cargo, poderá irritar parte da base aliada, sobretudo o chamado "centrão", grupo de cerca de 200 deputados de partidos médios que tinha a expectativa de fazer o próximo presidente da Casa.
Um racha nesse momento poderá comprometer a agenda econômica do presidente Michel Temer, sobretudo a reforma previdenciária.
Maia, segundo a Folha apurou, conta com um parecer de 2008 do ministro do STF Luís Roberto Barroso, à época advogado, opinando pela legalidade de o então presidente do Senado, Garibaldi Alves, que estava na mesma situação, candidatar-se à presidência da Casa.
Aliados estudam ainda pedir que outros juristas emitam parecer sobre o caso. Um dos nomes discutidos foi o de Joaquim Falcão. Outro contatado foi o escritório do advogado Heleno Torres, como informou o "Painel".
A estratégia foi discutida em um jantar na residência oficial da Câmara com parlamentares e ministro
A ideia é tratar a tese favorável à recondução como "pacificada" para minimizar o impacto de questionamentos
Maia foi aconselhado a sequer consultar a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) sobre o assunto.
"Quem quiser questionar, que vá ao Supremo", diz um aliado dele.
SIMPATIA DE TEMER
Além do front jurídico, o presidente da Câmara busca se fortalecer politicamente.
Segundo um dirigente do DEM, Maia está vendo "chover na sua horta", com divisões internas no PSDB e no centrão. Assim, começou a se movimentar e fazer acenos, inclusive ao PT.
Para atrair aliados, Maia tem, além da caneta de presidente, os seis cargos da Mesa Diretora, inclusive o de primeiro vice-presidente, vaga que terá ainda mais importância no ano que vem.
Como Temer não tem vice, é o presidente da Câmara quem assume seu lugar quando o peemedebista viaja ao exterior. Nestas ocasiões, o primeiro vice da Câmara assume a Casa.
De acordo com um interlocutor de Maia, ele iniciou uma série de conversas com o PT, partido que o apoiou para a sucessão de Cunha, e outras siglas, como o PMDB.
O Planalto, por sua vez, vê com simpatia a recondução de Maia. Auxiliares de Temer dizem que ele tem feito um "bom trabalho", priorizando as pautas econômicas.
Outro ponto que pesa a favor de Maia é a divisão nas candidaturas adversárias.
No PSDB, ainda não há consenso sobre a viabilidade de um nome tucano. Os posicionamentos são regidos pelo racha interno provocado pela rivalidade entre o governador Geraldo Alckmin (SP) e o presidente da legenda, senador Aécio Neves (MG), que querem disputar pela sigla a Presidência em 2018.
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