Samarco divulga para outros veículos dados pedidos pela Folha
A assessoria de imprensa da Samarco antecipou a outros veículos de comunicação, nesta quinta (12), informações que seriam publicadas pela Folha após o jornal pedir posicionamento sobre a recuperação da região afetada pelo rompimento da barragem de Fundão.
A Folha obteve documento protocolado pela mineradora em órgãos do governo de Minas Gerais no dia 4 de janeiro. O texto da empresa propunha recuperar área da barragem de Fundão, que se rompeu em 2015 em Mariana (MG), por meio de plantação de árvores sobre o terreno degradado.
Na quarta (11), a reportagem solicitou comentário da empresa sobre o teor do documento, chamado Prad (Plano de Recuperação de Área Degradada).
Por e-mail, a empresa foi informada acerca da data de publicação no jornal (nesta sexta) e questionada se a Samarco, cujas donas são a Vale e a BHP Billiton, ainda pretendia usar a área de Fundão como depósito de rejeitos.
A assessoria da Samarco respondeu às 15h desta quinta. Menos de duas horas depois, enviou os dados que estavam no Prad para a lista de e-mails de jornalistas que acompanham as atividades da empresa.
Procurada para comentar o vazamento de informações, a empresa não se manifestou por e-mail. Por telefone, disse que era uma "estratégia de comunicação".
COMBINAÇÃO
Em março do ano passado, um relatório da Polícia Federal revelava que diretores combinavam com os assessores da mineradora como passar, omitir ou informar incorretamente dados sobre barragens aos jornalistas.
A barragem de Fundão se rompeu em 5 de novembro de 2015, matando 19 pessoas.
Em novembro, a Justiça Federal tornou 22 pessoas e quatro empresas rés em processo criminal —21 delas por homicídio com dolo eventual (quando se assume o risco de matar). Elas negam ter cometido crime.
Sobre o reuso de Fundão, a Samarco diz que, após a recuperação, "não está prevista a utilização da área para disposição de rejeitos".
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