Risco de não aprovar reforma política 'é real', diz relator
Ze Carlos Barretta/Folhapress | ||
Da esquerda para a direita, Gilmar Mendes, Rodrigo Maia e o deputado Vicente Cândido |
O risco de partidos não chegarem a um consenso, e a Câmara enterrar a reforma política, "é real", afirmou o relator do tema na Casa, o deputado Vicente Cândido (PT-SP).
"As credenciais de Rodrigo [Maia] como presidente da Câmara e da República" serão fundamentais para destravar o debate, disse o petista nesta segunda-feira (28).
Com a viagem de Michel Temer à China, Maia (DEM-RJ) é o presidente interino do país por uma semana. No período, seu lugar será ocupado pelo deputado de primeiro mandato André Fufuca (PP-MA), segundo vice-presidente da Casa.
Maia tem a força política para contornar impasses partidários, disse o relator. Cândido se encontrará com o presidente interino na manhã de terça-feira (29), dia em que a Câmara tentará retomar a votação da "mãe de todas as reformas", como o petista definiu a reestruturação do sistema político, em palestra na FMU, faculdade paulistana que lhe deu o diploma em direito anos atrás.
O deputado contou ter conversado com 22 líderes partidários para chegar a um acordo que não pregue o caixão da reforma.
Há uma corrida contra o tempo para aprová-la até de outubro, prazo determinado pela Justiça Eleitoral para que ela possa valer já para o pleito de 2018.
Quanto ao modelo eleitoral, a proposta que mais para em pé para a atual legislatura, segundo Cândido, é a do "distritão misto", tido como uma jabuticaba, por não ter paralelo em outros sistemas políticos do planeta.
A ideia ganha força na Câmara, mas ainda não há votos suficientes para ser aprovada. É aí que Maia pode entrar em campo, ajudando a aglomerar apoio partidário, segundo Cândido.
FINANCIAMENTO EMPRESARIAL
Proposta que já está com o pé na cova, de acordo com o relator, é a volta do financiamento empresarial na eleição.
"Eunício [Oliveira] jurou que não passa, que não põe na pauta", afirmou sobre o presidente do Senado, com quem esteve num almoço que reuniu outros dois senadores do PMDB, Jader Barbalho e Renan Calheiros.
Reportagem da Folha mostrou que apenas dois dos dez maiores partidos com representação no Congresso defendem publicamente a volta da doação de pessoa jurídica à campanha.
Aos universitários Cândido se definiu como um "sobrevivente", por ser o quarto relator da reforma política. "Os demais não conseguiram apresentar relatório."
O problema, disse, é a resistência interna em aprovar mudanças significativas no modelo que, bem ou mal, elegeu os atuais 513 deputados. "É muito difícil você abrir mão do poder, ser desprendido."
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