Henrique Alves admite caixa dois em campanha, mas nega corrupção
Frankie Marcone/Futura Press/Folhapress | ||
O ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), preso pela Operação Lava Jato |
O ex-presidente da Câmara e ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) admitiu, em depoimento à Justiça nesta segunda (6), ter recebido recursos não contabilizados para campanha eleitoral. Ele negou, porém, que os repasses estivessem vinculados a vantagens para as empresas, o que configuraria corrupção.
Alves, que chorou durante boa parte de seu depoimento, foi questionado por seu advogado, Marcelo Leal, sobre declarações dadas pelo operador Lúcio Funaro na semana passada.
Funaro, que se tornou delator, disse que entregou dinheiro vivo nas mãos de Alves e emprestou um avião para que um funcionário seu levasse dinheiro até Natal, reduto eleitoral do ex-ministro.
Alves sustentou que é "mentira" que tenha recebido dinheiro em mãos, mas admitiu o uso da aeronave de Funaro para transportar doações de campanha.
"É verdade, ele trouxe [dinheiro], não tenho por que negar. Talvez [os recursos fossem] de empresas que em forma de doação davam à minha campanha, sem qualquer vinculação, sem qualquer discussão prévia, isso nunca existiu", disse Alves.
"Não sei exatamente o valor de doações não declaradas, porque hoje estou preso, mas espero remontar esses valores. Não houve nenhuma contrapartida, nenhum ato de ofício [que garantisse vantagem às empresas], é doação pura e simples de campanha. Sempre foi assim e os próprios empresários confirmam", afirmou.
Alves é réu em uma ação penal na 10ª Vara Federal em Brasília sob acusação de ter recebido recursos desviados do fundo de investimentos do FGTS, administrado pela Caixa. Além dele, são réus no mesmo processo Funaro e o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que também foi interrogado nesta segunda. Os três estão presos.
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