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Cidades grandes têm recorde de candidatos a prefeito desde 2000

Victor Lopes/Wikimedia Commons
Vista de Carapicuíba, com prédios de Barueri e a Serra da Cantareira ao fundo.
Vista de Carapicuíba,na Grande São Paulo, que tem 280 mil eleitores e duas candidaturas a mais que em 2012

Em um cenário de rejeição aos políticos, o número de candidatos que se aventuram a pedir votos deu um salto em cidades que preveem segundo turno. Nesta eleição, o Tribunal Superior Eleitoral registrou as maiores médias de candidatos desde 2000 em médios e grandes municípios.

Segundo levantamento feito, a pedido da Folha, pelo cientista político Felipe Nunes, professor na Universidade da Califórnia em San Diego, municípios com mais de 500 mil eleitores registraram média entre cinco e seis candidatos a prefeito nos últimos 15 anos. Agora, o número subiu para nove.

As cidades com mais de 200 mil habitantes aptos a votar tiveram em torno de cinco candidatos a prefeito desde 2000, na média. Em 2016, são sete por município.

Cidades como São Paulo, cujas administrações são muito cobiçadas, não se enquadram na estatística. Nesses centros, o número de candidatos é mais elevado (superior a dez, no caso paulistano).

Tampouco o número total de candidatos a prefeito teve variação expressiva em relação à eleição de 2012. Foram 15,8 mil na última disputa e 16,6 mil nesta.

A diferença se deve à realização de segundo turno, prevista apenas para os municípios com mais de 200 mil eleitores, que faz com que candidatos se "arrisquem mais", disse Nunes, "ou porque eles têm chance de surpreender, ou porque aumentam seu cacife de negociação".

Para o analista, por trás desse fenômeno estão as mudanças no financiamento de campanha e a crise de partidos tradicionais, especialmente o PT.

MÉDIA DO NÚMERO DE CANDIDATOS

COLIGAÇÕES MENORES

A proibição de doações de empresas, de certa forma, gerou uma nivelação. "Candidatos que nunca teriam chance sob a regra tradicional passaram a acreditar na possibilidade de surpreender e disputar uma vaga no segundo turno, já que têm acesso ao Fundo Partidário", afirmou o cientista político.

Ao mesmo tempo, a descrença da população com partidos e candidatos tradicionais devido a escândalos de corrupção abriu espaço para legendas menores.

"Se, antes, PT e PSDB tentavam limitar o número de competidores de dentro das suas próprias coalizões em eleições majoritárias, esse incentivo não existe mais", afirmou Nunes.

"Isso torna mais provável que os múltiplos partidos a eles associados, principalmente aqueles antes ligados ao PT, adotem estratégias mais independentes, aumentando a fragmentação."

Tome-se o caso de Carapicuíba, na Grande São Paulo, que tem 280 mil eleitores. Em 2012, havia cinco candidatos. O do PT, Sérgio Ribeiro, foi eleito por uma coligação formada por 17 legendas, além da dele próprio.

Quatro anos mais tarde, há sete candidaturas. O petista Professor Everaldo teve de ser substituído após ter o pedido de prisão decretado por envolvimento em um esquema de fraudes em concursos públicos na cidade. Ele é considerado foragido.

O novo postulante, Luciano Leite, tem apoio de apenas três partidos, além do PT.

O secretário de Organização do PT, Florisvaldo Souza, afirmou que a crise política nacional e a multiplicação do número de partidos explicam o fenômeno.

O partido terá em torno de 80 candidatos em cidades médias e grandes, número similar ao da eleição passada, segundo Souza. A diferença é que o tamanho das coligações diminuiu, notou.

O PSDB aumentou o número de candidatos a prefeito em relação às eleições de 2012. São 162 nas cidades com mais de 100 mil eleitores ou que tenham geradora de TV. Em 2012, foram 107.

"A polarização perdeu força", constatou o secretário-geral do PSDB, deputado Silvio Torres. "Em algumas capitais, em que dificilmente deixaria de haver disputa entre PSDB e PT, estão abrindo mão de cabeça de chapa para viabilizar alianças."

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