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Vereadores eleitos pelo Novo prometem enxugar estrutura de gabinete

Leo Pinheiro - 11.mar.11/Valor/Folhapress
João Dionísio Amoêdo, presidente do Novo, partido que defende a pauta do liberalismo
João Dionísio Amoêdo, presidente do Novo, partido que defende a pauta do liberalismo

Com vereadores eleitos em São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Porto Alegre, o Novo prepara o enxugamento das estruturas que seus parlamentares receberão nas Câmaras Municipais.

Com registro aceito pelo TSE em setembro de 2015, o partido, que defende a redução do tamanho do Estado e outras bandeiras liberais, participou de sua primeira eleição em outubro deste ano e buscou vagas apenas em seis grandes cidades —e só no Legislativo.

Conseguiu eleger quatro representantes nas capitais paulista, fluminense, mineira e gaúcha —um em cada uma delas.

Sob orientação da cúpula do partido, todos devem reduzir e limitar a seis o número de assessores.

"Em um país que precisa cortar despesas, não faz sentido manter tantos privilégios", diz o engenheiro João Dionisio Amoêdo, presidente do Novo.

Na Câmara de São Paulo, cada parlamentar tem direito a 17 assessores. No Rio, são 20 os funcionários contratados para auxiliar o vereador.

Mais jovem vereador entre os eleitos na capital fluminense, o também engenheiro Leandro Lyra, 24, pretende ainda cortar outros recursos oferecidos aos parlamentares no Rio, como a cota de 4.000 selos por mês.

Em Porto Alegre, o número de assessores para cada vereador já está aquém da quantia da maior parte das demais capitais. Varia entre seis e sete funcionários.

Eleito na capital gaúcha, o empresário Felipe Camozzato pretende baixar a verba indenizatória de R$ 15 mil para R$ 2.000. Assim como Lyra no Rio, Camozzato, 28, é o mais jovem entre os vereadores eleitos em Porto Alegre.

A intenção de "não usar dinheiro público para sustentar a política", nas palavras de Camozzato, impulsionou-o a se filiar ao partido.

O Novo se opõe ao uso do Fundo Partidário. De acordo com Amoêdo, o partido recebe a verba mensal de R$ 100 mil porque, caso contrário, ela seria repartida entre os demais partidos. Mas o dinheiro não chega a ser utilizado –é aplicado no Banco do Brasil até que o partido decida o que fazer com ele.

"Além dessas reduções nas equipes, nos comprometemos também com uma diminuição das verbas de gabinete entre 50% e 85% em cada um desses municípios", afirma o presidente do partido.

Em São Paulo, foi eleita pelo Novo a advogada Janaína Lima, 32, que integrou a liderança do Vem Pra Rua, grupo que foi às ruas contra o governo Dilma Rousseff, e em Belo Horizonte, o professor e advogado Mateus Simões, 35.

CUIDADO

"É bom ter cuidado [com a decisão de reduzir a equipe de assessores do vereador]", diz o cientista político Maximiliano Martin Vicente, professor da Unesp de Bauru.

Considerando a impossibilidade de o parlamentar dominar a variedade dos temas debatidos nas Câmaras, Vicente aponta a importância do assessor como interlocutor nas áreas em que o vereador têm menos familiaridade.

"Imagine uma reforma da educação em andamento e o vereador não entende do assunto. O assessor pode indicar o rumo", afirma o professor, que receia que a iniciativa tenha cunho "populista".

Já o também cientista político Carlos Pio, professor da Universidade de Brasília, vê a decisão sob outro viés.

"Se a decisão de reduzir os assessores será sustentável depois que o partido crescer, não se sabe. Mas é uma iniciativa que renova o ambiente parlamentar, com ideias e práticas que são importantes", avalia Pio.

Segundo ele, o gesto atende a uma das "insatisfações do eleitorado em relação ao exercício parlamentar".

Editoria de Arte/Folhapress
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