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Prefeitura de Curitiba abre sindicância e pode convidar Greca a prestar esclarecimentos

Alan Marques - 27.abr.2000/Folhapress
ORG XMIT: 263901_1.tif O ministro Rafael Greca (Esporte e Turismo), durante entrevista sobre sua demissão, em Brasília (DF). (Brasília, DF, 27.04.2000, 18h00. 27.04.2000. Foto de Alan Marques/Folhapress. Digital)
O ex-prefeito e ex-ministro do Esporte e Turismo Rafael Greca, durante entrevista sobre sua demissão, em Brasília

A Prefeitura de Curitiba abriu nesta quarta-feira (21) uma sindicância para apurar a responsabilidade sobre o desaparecimento de 12 obras de arte de um museu municipal.

Uma reportagem da Folha mostrou a suspeita de que parte desse acervo esteja numa chácara pertencente ao ex-prefeito Rafael Greca (PMN), que concorre ao cargo novamente e lidera as pesquisas de opinião.

Ele é o principal adversário do atual prefeito Gustavo Fruet (PDT), que tenta a reeleição.

Fotos publicadas por Greca em redes sociais e divulgadas na reportagem mostram objetos que coincidem, em descrição e imagens, com os itens desaparecidos em 1995, do museu Casa Klemtz. Na época, Greca era prefeito da cidade (1993-1996).

O candidato afirmou desconhecer o desaparecimento das peças e diz que seu mobiliário é de herança e pertence ao acervo da família.

A gestão de Fruet afirma que não tinha informações sobre o paradeiro das peças desaparecidas até a publicação da reportagem da Folha.

Agora, com base na publicação, a sindicância irá apurar a responsabilidade de servidores e, eventualmente, convidar o próprio Greca a prestar esclarecimentos.

O ex-prefeito não é obrigado a comparecer, já que não é servidor municipal.

As conclusões finais da sindicância, conduzida pela Procuradoria-Geral do Município, serão encaminhadas à polícia se ficar demonstrado que houve crime. Servidores envolvidos no sumiço também podem ser penalizados administrativamente, à luz do Estatuto do Servidor.

Em nota, Greca afirmou que estranha que o caso venha à tona dez dias antes das eleições.

Na última pesquisa Ibope, divulgada na segunda (19), o ex-prefeito tinha 45% das intenções de voto, contra 16% de Fruet, em segundo lugar.

"Se há semelhança [entre as peças], é de estilo do mobiliário da época, comum nas residências tradicionais de Curitiba, grande centro de produção moveleira", disse o candidato, em nota.

"Os móveis de madeira de estilo eclético eram copiados diferentes vezes por um mesmo artesão. Os de ferro eram reproduzidos pela fundição Mueller."

FLAGRANTE

No final da tarde, a campanha de Greca divulgou que dois guardas municipais de Curitiba foram flagrados nesta quarta (21) em "tocaia" em frente à chácara do candidato.

Armados, eles foram encaminhados à delegacia por usurpação de função pública —já que estavam num município vizinho a Curitiba. Aos policiais, disseram que cumpriam "ordens superiores" e faziam uma investigação sobre "objetos desviados da secretaria de Cultura de Curitiba".

"É um caso deprimente, um abuso de poder político", disse o advogado Walber Agra, da coligação de Greca. "É interessante que as peças estavam sumidas há dez anos e apenas agora que se tenta apurar seu paradeiro."

A Prefeitura de Curitiba informou que nenhum dos guardas municipais estava em horário de serviço e que, portanto, não iria se manifestar.

A campanha de Gustavo Fruet negou ter orientado os servidores a investigarem o caso e disse, em nota, que Greca tenta "criar um subterfúgio para desviar o foco das graves denúncias" veiculadas na Folha.

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