Haddad diz que passe livre para desempregados vai gerar despesa, mas ajudará quem busca trabalho

O prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Fernando Haddad (PT), admite que a criação do passe livre para desempregados nos ônibus municipais deve gerar subsídios (valores repassados à empresas para cobrir custos extras do transporte não previstos em contrato). O prefeito disse, porém, que a medida ajudará quem procura emprego.

"A ideia é oferecer uma cota de passagens só para isso, faremos uma estimativa de quantas viagens a pessoa vai precisar fazer para procurar emprego", disse.

A promessa foi apresentada por Haddad em programas eleitorais na rádio e na TV nesta semana.

O benefício já havia sido instituído por meio de decreto do prefeito em novembro do ano passado.

Em março passado, porém, ele decidiu adiar a medida para não desrespeitar a lei eleitoral, que proíbe a distribuição de benefícios em ano eleitoral, exceto os já autorizados em lei e que constem no ano orçamentário anterior.

Haddad defende que o auxílio de transporte para quem está fora do mercado de trabalho vai gerar receita no futuro.

"Vai implicar subsídio, mas é melhor um cara empregado, usando vale-transporte. Quando ele está desempregado, eu perco receita porque ele deixa de viajar. O desemprego para nós traz um custo"

A gestão Haddad aumentou em 150% os repasses municipais às empresas de ônibus em 2016 na comparação com os cinco primeiros meses do último ano de Gilberto Kassab (PSD).

De janeiro a maio de 2012, Kassab repassou às viações cerca de R$ 365 milhões (valores corrigidos pela inflação). No mesmo período de 2016, Haddad transferiu R$ 914,2 milhões.

A alta dos repasses ocorre mesmo com a elevação da tarifa -de R$ 3,50 para R$ 3,80- no início deste ano.

A prefeitura não tem estimativa de quantas pessoas estão em condições de pedir benefício. "Queremos começar o programa e ir ampliando de acordo com as possibilidades".

MENOS RECEITA

Reportagem da Folha desta quinta-feira (22) mostrou que mesmo diante da crise econômica no país há candidatos abrindo mão de receitas

Celso Russomanno (PRB) propõe redução de ISS (Imposto Sobre Serviços) e IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano). Marta Suplicy (PMDB) e João Doria (PSDB) dizem que vão congelar a tarifa de ônibus.

Mesmo propondo o passe livre, Haddad criticou os adversários.

"Os candidatos Doria, Marta e Russomanno estão propondo congelar tarifa de ônibus por quatro anos, reduzir impostos e dizem que vão manter os serviços mesmo apoiando o congelamento de verbas para o social por 20 anos, tema que está em discussão no Congresso. Estou querendo ver as planilhas só para ver como fecha o orçamento", afirmou Haddad.