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ANÁLISE

Vai ser difícil entusiasmar o eleitor com tanta letargia, em uma campanha sonolenta

Eduardo Anizelli/Folhapress
Debate no SBT reúne cinco principais candidatos à Prefeitura de São Paulo
Debate no SBT reúne cinco principais candidatos à Prefeitura de São Paulo

Sem admitir arrecadações públicas em queda e com propostas genéricas, o debate voltou a decepcionar quem procurava projetos factíveis dos candidatos a prefeito. Pareceu um esforço suprapartidário para que o eleitor paulistano continue a ignorar uma campanha sonolenta.

Falou-se menos de Temer e de corrupção do PT que nos debates anteriores, assim como da velocidade das marginais, que deu um tempo como o maior drama na agenda política paulistana. Em tese, isso daria mais tempo para se falar da cidade.

Mas o que restou foi o pouco detalhamento de como se melhorar educação, saúde e transporte coletivo, ou a vida na vasta periferia paulistana.

Habitação, favelas, crescimento econômico, meio ambiente e até espaço público foram esquecidos.

Com três favoritos embolados nas pesquisas (Doria, Russomanno e Marta), houve pouco confronto. Exceções foram Erundina questionando Doria sobre sua conta de IPTU e a invasão de um terreno em Campos do Jordão, que Doria prometeu devolver.

Marta e Haddad discutiram de quem é a paternidade (ou maternidade) dos CEUs.

Haddad repetiu que sua administração foi a melhor da história em algumas áreas, mas não se ficou sabendo o que fará ou mudará em uma eventual segunda gestão.

Erundina insistiu em ignorar o ambiente de arrecadação pública desmoronando, que paralisou obras pela cidade. Criticou a política de Haddad de firmar convênios com instituições privadas para abrir novas creches e chamou a política petista de "terceirizar" e "privatizar" os serviços públicos.

Prometeu iniciar "tarifa zero" nos ônibus da cidade aos finais de semana. Nem sinal de onde viria tanto dinheiro.

Depois de críticas ao prefeito por ter entregue um único CEU, de 20 prometidos no início do governo, Haddad falou de cursos superiores nos CEUs e reclamou a autoria da criação do ProUni. Desde o início do século passado, políticos brasileiros preferem falar (e investir mais) em ensino superior (onde, mesmo hoje, nem 20% dos brasileiros se formam) que falar do ensino fundamental.

Russomanno foi quem mais fez promessas. Fará o "maior programa de esportes da história da cidade", sem dar detalhes, e que escolas ficariam abertas aos finais de semana. Disse que haveria recuperação e professores assistentes "especialmente em classes com alunos com deficiência". E ainda disse que trabalhará 16 horas por dia. O estúdio parecia bocejar.

Doria falou que publicidade pagaria pela privatização dos corredores de ônibus, sem maiores detalhes (mais um ataque ao Cidade Limpa?), e repetiu várias vezes que não é político, mas que é gestor, e falou que promoverá uma cidade "moderna, jovem, amorosa, com paixão".

Para uma campanha curta e de orçamento reduzido, vai ser difícil entusiasmar o eleitor com tanta letargia. Nem os candidatos parecem lá animados com o que vão encarar.

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