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Desafios de SP: confira os principais obstáculos da próxima prefeitura na cultura

O tema de hoje da série Desafios de SP é a cultura. A reportagem compilou os principais desafios na área com a ajuda de especialistas no assunto. No vídeo acima, o repórter Silas Marti fala sobre as principais dificuldades que o próximo prefeito terá que enfrentar.

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Fomentar iniciativas culturais vindas da periferia

Especialistas dizem que, mais do que levar atividades culturais à periferia, é fundamental identificar e investir nas práticas culturais locais. Um exemplo de iniciativa é o programa VAI (Valorização de Iniciativas Culturais), criado em 2003 para financiar atividades e grupos culturais em comunidades carentes.

"Ações dessa ordem têm se mostrado importantes e deveriam ser ampliadas e ter seu acesso facilitado. Às vezes, espaços de cultura na periferia são criados, mas são mal utilizados e frequentados. São necessárias políticas de ocupação e gestão desses locais", avalia Rose Satiko Gitirana Hikiji, professora de antropologia da USP que estuda performance artística entre jovens de periferias.

Segundo a pesquisa do Datafolha DNA Paulistano, de 2012, ações culturais e políticas voltadas para jovens são dois dos tópicos mais mal avaliados entre 35 itens. Dos 96 distritos de São Paulo, apenas em 20 a nota atribuída às atividades culturais do bairro supera a média de cinco numa escala de zero a dez (Vila Guilherme, Ipiranga, Moema, Vila Mariana, Jardim São Luís, Santo Amaro, Carrão, Alto de Pinheiros, Barra Funda, Jardim Paulista, Lapa, Perdizes, Pinheiros, Vila Leopoldina, Bela Vista, Bom Retiro, Consolação, Liberdade, República e Santa Cecília).

Reduzir a desigualdade na distribuição de espaços culturais pela cidade

Os equipamentos culturais, como teatros, cinemas, shoppings, museus e casas de show, ainda estão muito concentrados no centro, em detrimento da periferia.

Segundo pesquisa realizada pela JLeiva Cultura & Esporte em parceria com o Datafolha, em 2014, o extremo norte, extremo sul e extremo leste estão abaixo da média da capital em frequência a atividades culturais. No centro, 49% responderam ter ido ao museu no último ano. Na zona leste, o número cai para 23%. A situação se repete para cinema, teatro, concerto e festa popular.

O percentual de moradores que disseram nunca ter ido a alguma atividade cultural é maior na zona leste para qualquer uma das opções listadas (concerto, espetáculo de dança, feira de arte, circo, biblioteca, cinema, museu, teatro, show, entre outras). A zona sul fica em segundo lugar. É justamente no extremo leste e no extremo sul da capital que se concentra a população com menor escolaridade e renda.

Investir em dados e indicadores

São Paulo carece de bons dados e indicadores culturais, necessários para mapear dificuldades e solucioná-las. "É preciso fazer um diagnóstico. As políticas públicas na área da cultura são feitas de maneira intuitiva", afirma João Leiva, diretor da JLeiva Cultura & Esporte, consultoria para empresas que queiram desenvolver projetos nas áreas cultural e esportiva.

Aproveitar o potencial da Virada Cultural

Mais do que um evento musical, a Virada Cultural poderia ser um espaço de debate sobre a cidade e de estímulo a práticas culturais orgânicas. "A Virada Cultural deveria ser um espaço de debate e de mobilização da população em relação aos grandes temas da cidade, não apenas um lugar de fruição das sua artes. Deveria ser um momento importante de fortalecimento do trabalho cultural da população em todas as suas dimensões, um momento de afirmação do protagonismo dos jovens, dando um destaque especial para as periferias da cidade", diz Hamilton Faria, coordenador de cultura do Instituto Pólis.

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