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Unidos contra o impeachment, Chico Buarque e Lula ocupam palanques opostos no Rio

Pode-se dizer que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva largou com pequena vantagem sobre o cantor Chico Buarque no "embate" de comícios que o Rio viveu na noite desta segunda-feira (26) na reta final da disputa pela prefeitura.

Ao lado de Jandira Feghali (PC do B), o ex-presidente pôde fazer o que mais sabe: discursou por 37 minutos no palanque em Bangu, zona oeste do Rio, uma das áreas mais pobres da cidade.

Chico, por sua vez, estava impedido até de cantarolar o jingle de Marcelo Freixo (PSOL) no palco montado na Lapa, no centro, em razão das regras da lei eleitoral que proíbem showmícios.

A força da presença dos dois, porém, não seria medida pela retórica do ex-presidente petista, ou pelo talento do cantor.

Unidos na luta frustrada contra o impeachment de Dilma Rousseff, eles se separaram para encarnar o que quer representar cada uma das duas candidaturas de esquerda do Rio que disputam voto a voto uma vaga no segundo turno.

Lula foi a Bangu para tentar consolidar o voto que ainda consegue influenciar, mesmo após se tornar réu na Operação Lava Jato.

Pesquisa Datafolha feita há um mês e meio, antes da apresentação da denúncia do Ministério Público Federal, apontou que a indicação do ex-presidente influenciaria a escolha de 14% dos eleitores.

É no que aposta Jandira. No cenário atual, seria percentual suficiente para se aproximar do segundo turno.

No discurso, Lula repetiu o mote de campanha da comunista, criticando aqueles que "traíram" a ex-presidente no processo de impeachment, como o senador Marcelo Crivella (PRB), líder nas pesquisas, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB) e o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB).

"Crivella é cristão. E como cristão ele não poderia trair. Dilma escolheu pessoalmente ele para ser ministro da Pesca. Ele escolheu pescar em águas turvas", afirmou o ex-presidente sobre o senador, que apoiou a cassação do mandato da petista.

Freixo, também contrário ao afastamento da ex-presidente, tem focado sua campanha em ataques ao PMDB do prefeito Eduardo Paes e propostas para a cidade.

Sem apoio de grandes partidos, ele tem tentado apresentar sua campanha como uma "aliança com a sociedade". Além de Chico, alguns artistas participaram do encontro, como Wagner Moura, Vladimir Brichta, Lenine e Humberto Carrão.

"Gostaria de ter visto desde o início uma aliança, uma frente progressista na campanha. Espero que no segundo turno estejamos todos juntos para ganhar com o Freixo", afirmou Chico numa rápida fala.

Os gritos de "Fora Temer" foram a única coisa que uniu os dois palanques.

IMPEACHMENT

Chico e Lula compartilharam o palanque em diferentes momentos na mobilização feita pelo PT e outros partidos em defesa do mandato de Dilma.

Com sua discrição característica, Chico quase não falou em abril, quando dividiu um palco com Lula na Fundição Progresso, também na Lapa.

Após apelo do público, proferiu poucas palavras. "Estaremos juntos em defesa da democracia. Não vai ter golpe."

Naquele dia, a comissão da Câmara aprovou o relatório que sugeria o afastamento de Dilma. Lula tentou demonstrar desdém.

"A comissão acabou de derrotar a gente, parece que 38 a 27, mas isso não quer dizer nada. A comissão foi montada pelo Eduardo Cunha. É o time dele. Domingo [dia da votação no plenário] é que nós temos que ter clareza. Nós sabemos que temos que conversar com os deputados", afirmou.

Os dois acompanhariam juntos na galeria do Senado o depoimento da então presidente afastada.

Nas duas oportunidades, Chico e Lula saíram com um placar desfavorável. Ainda que estejam agora em lados opostos, os dois podem sair perdendo mais uma vez.

A divisão da esquerda pode acabar favorecendo candidatos do outro campo ideológico, em especial Pedro Paulo (PMDB), apoiado pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB), que disputa com os dois uma vaga no segundo turno da eleição carioca.

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