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Candidatura de Suplicy a vereador é vista com tábua de salvação do PT em SP

Bruno Poletti - 5.jun.2015/Folhapress
Sao Paulo, SP, Brasil 05/06/2015 - Eduardo Suplicy - Estreia do espetaculo, Os Monologos da Vagina, com Maria Paula, Adriana Lessa e Maximiliana Reis. (Foto: Bruno Poletti/Folhapress, FSP-MONICA BERGAMO)***EXCLUSIVO FOLHA***
O ex-senador e candidato a vereador Eduardo Suplicy

Com a lentidão peculiar, o candidato a vereador Eduardo Suplicy (PT) narra uma abordagem recorrente pelas ruas de São Paulo. "Vou votar em você e na Marta [Suplicy, sua ex-mulher e candidata à Prefeitura pelo PMDB]", ouve de potenciais eleitores.

Suplicy não contesta: "Tomei a decisão de não falar mal de Marta em respeito a meus filhos. Eles pedem votos para nós dois. Dizem que vão votar nela e em mim. Acho que é verdade", justifica.

O PT releva, minimizando até os arroubos do ex-senador. No fim de julho, Suplicy foi detido pela Polícia Militar (PM) após protestar contra reintegração de posse na Zona Oeste da cidade. O petista, que foi secretário de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo, deitou-se no chão, sendo carregado por PMs e levado ao 75º Distrito Policial (DP).

A cena, em que protestava contra ação do prefeito de seu próprio partido, viralizou nas redes sociais. Alegando que a reintegração era necessária para proteção dos sem-teto, o prefeito Fernando Haddad se queixou a colaboradores, acusando seu ex-secretário de demagogia. Comentou: "Coisas do Suplicy".

Sete meses antes, Haddad pediu que Suplicy, à época seu secretário de Direitos Humanos, não fosse às tendas ocupadas por sem-teto depois de ter dado dois cheques a famílias de moradores de rua no bairro da Mooca. A doação dos cheques, um no valor de R$ 800 e outro de R$ 400, provocou confusão entre os sem-teto e os beneficiários tiveram que fugir às pressas de lá.

Antes incomodada com o senso de oportunidade Suplicy, a cúpula do PT patrocina agora seu impulsos. O comando da campanha de Haddad produziu material de campanha exclusivamente para o candidato, além de oferecer espaço privilegiado na propaganda eleitoral, sendo o único do partido com direito a aparições diárias na TV.

Com 695 mil curtidas no Facebook, Suplicy é apontado com tábua-de-salvação para um partido que atravessa sua maior crise política. Outros concorrentes a Câmara de Vereadores já reclamaram do prestígio concedido ao candidato, que tem espaço reservado nos carros-de-som enquanto outros candidatos ficam a pé. A vereadora Juliana Cardoso, por exemplo, até reclamou.

"O suporte a Suplicy é importante para o partido", argumento o presidente municipal do PT e coordenador da campanha de Haddad, vereador Paulo Fiorillo.

Nem sempre foi assim. Em 2014, quando foi derrotado por José Serra (PSDB) na disputa pelo Senado após 24 anos de mandato, Suplicy encerrou a campanha com uma dívida de R$ 500 mil.

Atualmente, é convidado para todos os compromissos públicos de Haddad. No PT, a expectativa é que Suplicy obtenha cerca de 200 mil votos, o que praticamente seria capaz de eleger mais um vereador pelo partido. O ex-senador é, além disso, admirado pelos jovens. É apoiado pela Liga do Funk.

Na quarta-feira, ao acompanhar reunião de Haddad na sede da liga, ergueu os braços e gritou "liga do Funk", ouvindo, em retribuição um coro de "arte do gueto".

Aos 75 anos, comemorados numa festa convocada pelas redes sociais, Suplicy coleciona momentos memoráveis em sua trajetória: já cantou no plenário do Senado; apareceu com calça rasgada no Congresso após ser atacado por um cachorro da PM durante manifestação; viajou aos Estados Unidos atrás de uma mulher que estava morta em Brasília e até expôs suas dores ao cantar "Eu sei que vou te amar" após a separação com Marta, ocorrida em 2001.

Em 2004, um eleitor chegou a pedir que não cantasse mais 'música de corno'. Suplicy ouviu calado. Quinze anos após a separação, o petista conta hoje com o olhar cuidadoso da mulher, Mônica Dallari. É ela quem zela por sua alimentação, corrige suas falhas de memória e, mais importante, controla a duração de seus discursos.

"A Mônica pediu para eu ser breve. Vou tentar", disse ele, na noite de quarta-feira, durante "A Balada do Suplicy", na Vila Madalena.

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