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Vencedor com Doria em SP, Alckmin amarga dupla derrota em sua terra natal

Zanone Fraissat/Folhapress
PINDAMONHANGABA/SP BRASIL. 06/10/2016 - Isael Domingues, do PR (Partido da Republica), foi eleito o novo prefeito de Pindamonhangaba.(foto: Zanone Fraissat/FOLHAPRESS, PODER)***EXCLUSIVO***
O prefeito eleito em Pindamonhangaba, Dr. Isael (PRB), derrotou herdeiros de Alckmin

Apontado como o grande vencedor das eleições municipais de domingo (2), após o triunfo de João Doria, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) não teve a mesma sorte em sua terra natal, Pindamonhangaba (156 km de SP).

Alckmin foi duplamente derrotado na eleição, com o fracasso do atual prefeito, o tucano Vito Ardito, e da candidata Myriam Alckmin (PPS), sua sobrinha. Ambos foram vencidos por Dr. Isael (PR).

O vencedor, no entanto, diz que não fará oposição ao tucano. "Não derrotei o governador, não. Se ele caiu, foi pra cima: o que queremos é ampliar muito o diálogo com o Estado", diz à Folha.

Com 34.589 votos (46%), o médico é o atual vice-prefeito, mas rompeu com o titular no primeiro ano de governo.

Na política local, a influência do mais importante político pindamonhagabense ainda se faz presente.

Dos cinco candidatos à prefeitura apenas um, Wilton Carteiro (PSOL), se declarou abertamente como oposição ao tucano, que já foi prefeito do município.

"Toda a escola política daqui é conservadora, de direita. Ganhar o Isael ou outro nome não tem muita diferença", disse o psolista à Folha em um boteco próximo ao centro de distribuição dos Correios, onde trabalha. Estreando em eleições, teve 900 dos cerca de 110 mil votos.

Para Wilton, porém, a derrota de candidatos associados a Alckmin mostra que o nome do governador não é influente como no passado.

Segundo ele, episódios como o escândalo da Máfia da Merenda e o movimento dos secundaristas, que ocupou colégios em protesto contra uma reorganização proposta pelo governo, desgastaram a relação do governador com seus conterrâneos.

"Nas eleições de 2012, ele era muito forte. Agora, os dois candidatos que brigaram pelo nome dele perderam", analisa.

"Brigar" não é usado em sentido figurado. No último debate televisivo antes da votação, os dois candidatos a herdeiros do tucano bateram boca sobre quem o governador de fato apoiava.

O centro da polêmica foi uma gravação usada em carros de som por Ardito em que Alckmin pedia votos para o atual prefeito. Myriam acusou o adversário de resgatar áudio antigo para falsear apoio atual.

"Quantas campanhas eu já fiz ao lado do governador Geraldo Alckmin? Se a voz dele está ali, é porque ele está me apoiando, não há enganação. Ele é seu tio, mas é meu amigo porque eu sou do PSDB", rebateu o prefeito, que conclui neste ano seu quarto mandato à frente da cidade.

Nos bastidores, porém, assessores de Ardito admitem que Alckmin se distanciou das eleições na cidade neste ano.

A posição foi entendida como modo de evitar o constrangimento familiar de apoiar um adversário da sobrinha, mas gerou descontentamento no prefeito e sua equipe.

"Vou deixar que o Vito [Ardito] te fale sobre o governador", disse uma assessora, irritada, questionada sobre a participação de Alckmin. Ardito não quis dar entrevista.

Pessoas próximas ao governador dizem que ele não viu como derrota o resultado das eleições. Mais importante para Alckmin, afirma um assessor do PSDB, foi ter "varrido" o PT da região.

O partido lançou oito candidatos no Vale do Paraíba e não elegeu nenhum. O PSDB fez 15 prefeitos.

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