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Leprevost diz que nunca votará no PT e afirma ser 'de centro'

Rodrigo Félix Leal - 7.out.2016/Futura Press/Folhapress
O candidato a prefeito de Curitiba pelo PSD, Ney Leprevost, em debate na sexta (7)
O candidato a prefeito de Curitiba pelo PSD, Ney Leprevost, em debate na sexta (7)

Candidato a prefeito de Curitiba, o deputado Ney Leprevost (PSD) afirmou, em entrevista à Folha, que é um candidato de centro e que "nunca votará no PT".

"Os grandes homens públicos brasileiros eram de centro", disse o candidato, que também se posicionou contra as ocupações de escolas no Paraná e quer cortar até 40% dos cargos em comissão da prefeitura.

A alguns dias do segundo turno, que disputa contra o ex-prefeito Rafael Greca (PMN), Leprevost, 43, está com a voz rouca. Tem tomado mel e própolis toda noite. Diz que, com a correria, parou de acompanhar as notícias nacionais, e preferiu se abster de avaliar o governo de Michel Temer (PMDB).

Azarão da campanha, que começou em quarto lugar, o deputado se queixa da agressividade do adversário —mas, na produtora de sua campanha, um cartaz afirma: "Obrigação: Eleger o Ney. Diversão: Destruir o Gordo".

*

Folha - O sr. diz que não é de esquerda, nem de direita; nem liberal, nem estatista. Isso não é inconsistência?
Ney Leprevost - Não. Eu sou de centro, e isso também é um posicionamento. É ter a capacidade de dialogar com todas as correntes de pensamento, e saber que a opinião do outro deve ser ouvida e pode agregar conhecimento. Os grandes homens públicos brasileiros eram de centro. Juscelino Kubitschek, Tancredo Neves, Ney Braga, Jaime Lerner, José Richa. O equilíbrio está no caminho do meio.

O PSD apoiou tanto o governo Dilma quanto Temer. Gilberto Kassab [fundador do partido] foi ministro dos dois. O que esperar do senhor?
Eu nunca apoiei o governo Dilma. Sempre fui contra, nunca votei no PT e nunca votarei no PT na minha vida. O grande motivo que me fez participar da fundação do PSD foi o acordo de que não haveria patrulhamento ideológico, e que cada diretório teria liberdade para tomar sua posição em relação aos governos. Minha posição, ao longo desses dois anos, foi de independência.

O que está achando do governo de Michel Temer?
Acho muito prematuro fazer uma avaliação; em primeiro lugar, porque ele está há muito pouco tempo. Em segundo lugar, por força da campanha, as horas que tenho conseguido dedicar a acompanhar a performance política do Temer são poucas. Admito que tenho lido muito rapidamente o noticiário nacional.

Há um ponto polêmico que é a reforma do ensino médio, que inclusive provocou centenas de ocupações de escolas no Paraná.
Eu sou contra as ocupações, embora eu reconheça que os alunos têm questionamentos justos e têm o direito legítimo de apresentar suas reivindicações. Mas eu nunca fui a favor de ocupações. Há uma preocupação muito grande de que esses estudantes possam sofrer manipulação de grupos radicais. Isso me preocupa um pouco. Assim como o risco de eles sofrerem violência por parte do poder estatal. Isso não podemos admitir em hipótese alguma; as escolas não podem ser desocupadas à força. Entendo que o governo do Estado está falhando. O que um governador democrático faria seria convocar uma grande assembleia com alunos, pais, professores, representantes da sociedade civil, para discutir, à luz do dia, essa questão.

Mas o governo estadual organizou um seminário.
É, mas, pelo que eu saiba, o governador [Beto Richa (PSDB)] não participou. Ele poderia participar e agir como um porta-voz da educação.

O sr. tem batido muito nessa tecla, de dizer que seu adversário é "o candidato do governador". Por quê?
Porque há um esforço desleal do governo do Estado em relação a mim. Eles trabalham de forma até certo ponto escondida, usando de artifícios que não são éticos, para tentar eleger Greca no grito. A principal artimanha são os pistoleiros digitais, que trabalham de forma orquestrada nas redes sociais para tentar denegrir a imagem do oponente.

Por que tantas críticas ao governador? O sr. era aliado de Richa até dois anos atrás. Não é oportunismo?
Eu não critico tanto o governador. Nenhum dos nossos programas eleitorais foi voltado ao governador; ele não é a pauta da nossa campanha. A minha crítica é como parlamentar e como cidadão. Ele tem uma taxa média de 70% de desaprovação, mas nós não usamos isso. Esse não é o foco. E não há oportunismo, porque, desde 2014, eu comecei a votar de forma independente em relação ao governo do Estado.

Como será sua relação com o governo estadual, caso eleito?
Eu separo bem a minha relação política com o Beto Richa da relação republicana que um prefeito deve ter com o governador do Estado. Minha opinião não contamina a minha relação republicana com a figura do governador. E esperarei dele a mesma postura.

*O seu adversário, que já foi prefeito, o acusa de falta de experiência e questiona seu diploma, obtido a distância numa faculdade do Tocantins.
Eu estudei em escolas ótimas em Curitiba. Fui aprovado em dois vestibulares concorridos para o curso de Direito. Eu cursei até o quinto período, quando percebi que minha vocação era a vida pública. Eu era muito bom em Direito Penal; poderia ser um excelente criminalista e estar milionário. Depois, quando já era deputado, fiz as aulas na Unitins. Essa declaração do Greca é preconceituosa. Ele é o preconceito vivo. Hoje, até Harvard tem ensino a distância.

Greca diz que o sr. não conhece a cidade como ele.
Eu conheço muito bem os 75 bairros de Curitiba. Fui o vereador e o deputado mais votado da cidade. A cultura do Greca é de orelha de livros. A única coisa que ele tem é uma memória fotográfica. Ele lê uma vez, decora e sai falando como se fosse o descobridor da pólvora. Ele gosta dessas pegadinhas, de citar nomes de ruas e ver se eu sei a história da pessoa. Mas o que os curitibanos desejam é um gestor competente.

O sr. nunca ocupou um cargo executivo. Como vai governar?
Nós vamos fazer uma nova política. Não colocarei nenhum secretário indicado por partidos, vou reduzir em até 40% o número de cargos em comissão, vou valorizar servidores concursados, irei com meu próprio carro para a prefeitura, vou acabar com carros descaracterizados.

Não é demagogia prometer esse tipo de coisa?
Eu reconheço que ir com meu próprio carro, por exemplo, não traz quase nenhum tipo de economia, mas é um bom exemplo para a equipe. Muitos países desenvolvidos, como a Suécia, fazem isso. Também quero ir para o trabalho, de vez em quando, usando transporte coletivo ou táxi, para sentir como estão os serviços do município. É difícil para os políticos atuais compreenderem isso, mas, depois que eu comecei a me aprofundar no sentimento das pessoas nas ruas, passei por um processo de reciclagem muito grande. Li muito sobre o comportamento dos administradores públicos em outros países. E tem muitas coisas simples que podem e devem ser feitas, que ajudam a resgatar a credibilidade da classe política.

Qual sua opinião sobre a Operação Lava Jato? Acha que há excessos?
Eu já era fã do juiz Sergio Moro desde o caso Banestado [banco público do Paraná envolvido em remessas ilegais de dinheiro para o exterior]. Ele já se destacava pela coragem de combater criminosos do colarinho branco. O Moro, os procuradores e os policiais federais são uma grande inspiração para a nova geração e dão um recado muito claro à classe política de que a impunidade no Brasil vai deixar de existir e que o crime não compensa. Na minha opinião, não há excessos.

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