Preparação para COP28 é abalada por briga sobre financiamento climático

Discussões não resolveram grandes diferenças entre os países ricos e em desenvolvimento e encontro em Bonn quase terminou sem acordo

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Megan Rowling
Barcelona | Reuters

À medida que o ciclone Biparjoy se aproximava do sul do Paquistão nesta semana, o principal negociador paquistanês Nabeel Munir disse aos governos nas negociações climáticas da ONU em Bonn que parecia que ele estava "dando uma aula de escola primária", em meio a disputas sobre a pauta da reunião.

Na noite anterior ao término duas semanas de negociações, nesta quinta-feira (15), um acordo foi alcançado, evitando um embaraço diplomático antes da cúpula da COP28 em Dubai, em dezembro.

Mas o resultado de Bonn não resolveu as grandes diferenças entre os países ricos, que querem se concentrar em um programa de trabalho formal para aumentar a redução de emissões, e alguns países em desenvolvimento, que exigem que eles também resolvam a falta de financiamento internacional para ajudá-los a mudar para energia limpa.

"Aqui em Bonn, os negociadores estão jogando o jogo da culpa e apontando o dedo para a ação insuficiente de cada um", disse Tom Evans, consultor de política em diplomacia climática e geopolítica da consultoria ambiental E3G.

Faixa pendurada em corrimão pede pelo "fim dos combustíveis fósseis" na Conferência de Mudança Climática de Bonn, na Alemanha.
Faixa pede pelo "fim dos combustíveis fósseis" na Conferência de Mudança Climática de Bonn, na Alemanha. REUTERS/Jana Rodenbusch ORG XMIT: LIVE - Jana Rodenbusch - 8.jun.2023/Reuters

O "grande prêmio" na COP28, observou ele, seria um acordo político ambicioso para intensificar a ação climática em resposta a uma revisão global que deve destacar como o mundo está fracassando em limitar o aquecimento a uma meta global de 1,5ºC, e está despreparado para desastres climáticos.

À medida que as negociações de Bonn terminavam, especialistas em política climática disseram que a relutância dos países ricos em cumprir suas promessas de financiamento climático e em discutir o aumento do financiamento para países pobres e vulneráveis azedou a atmosfera na maioria das questões em negociação —e estava prestes a se espalhar para a COP28.

Desde 2020, os países em desenvolvimento esperam US$ 100 bilhões por ano em financiamento para ajudá-los a adotar energia limpa e se adaptar a um planeta mais quente —uma promessa que as nações ricas disseram que deveriam finalmente cumprir este ano. A estimativa mais recente coloca esse financiamento em cerca de US$ 83 bilhões em 2020.

Esse atraso levou à falta de confiança necessária para negociações políticas eficazes, observou David Waskow, diretor internacional de clima do World Resources Institute.

"O progresso (em Bonn) foi abaixo do esperado em quase todas as frentes, com um principal culpado: o dinheiro", disse ele. "Os países em desenvolvimento estão cada vez mais frustrados porque os recursos prometidos para implementar seus planos climáticos não estão se materializando."

O impasse sobre o financiamento significa que muitas questões-chave nas negociações do meio do ano —que pretendiam preparar o terreno para um resultado bem-sucedido na COP28— não foram solucionadas e foram adiadas até novas reuniões antes da cúpula do final do ano em Dubai.

Essas áreas principais vão desde o estabelecimento de objetivos para uma meta global de adaptação climática para a agricultura até o planejamento de uma transição justa para um mundo de baixo carbono.

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