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O impacto dos modelos flexíveis de trabalho nas cidades

Experiência durante pandemia parece deixar claro que mudanças serão implementadas antes que esperávamos

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As formas e maneiras de trabalhar, devido à rápida evolução tecnológica, vêm se tornando mais flexíveis nas últimas décadas. As grandes cidades assistem à implantação de modelos como coworking, centros digitais, diferentes formas de trabalho à distância e utilização de espaços sob demanda, entre outros.

Parece inevitável que essas mudanças venham acompanhadas de profundas alterações na flexibilização da relação capital/trabalho, na operação dos negócios, nas opções de localização de ambientes de trabalho e até nas facilidades urbanas necessárias. Contudo, a falta de compreensão adequada sobre o impacto desse moderno modelo de trabalho no desenvolvimento das cidades levou pesquisadores da Griffith University, na Austrália, a estudar essa questão com maior profundidade.

Os estudos mostram que o surgimento dos modelos flexíveis de trabalho tem significativo impacto não apenas nos trabalhadores, mas também no ambiente urbano, na economia e no planejamento.

Talvez os impactos mais evidentes estejam relacionados com as alterações nos padrões de uso de energia e transporte, cujas consequências são a redução significativa dos congestionamentos, especialmente em horários de pico, e a obtenção de benefícios tangíveis, como a diminuição da poluição, das emissões de CO2 na atmosfera e, principalmente, a redução dos tempos de deslocamentos. Muitas cidades em todo o mundo enfrentam problemas com os congestionamentos e suas consequências. No Brasil, as estimativas apontam um custo anual de R$ 267 bilhões, o que significa 4% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional, e valor equivalente ao total de gastos públicos com a saúde.

Modelos como o coworking melhoram o intercâmbio de conhecimento entre as pessoas, estimulam práticas colaborativas e podem impulsionar a inovação e a economia de custos, não somente a relacionada à otimização do uso dos espaços, mas também aos benefícios indiretos oriundos da melhor eficiência no trabalho.

Os estudos sugerem que locais de trabalho flexíveis e/ou compartilhados estejam associados a maior satisfação dos funcionários, mostrando que eles respondem à possibilidade de trabalhar com flexibilidade, exercendo esforço adicional para devolver o benefício ao empregador.

Portanto, sob várias perspectivas, os modelos flexíveis de trabalho podem ter impacto significativo no meio ambiente, na economia e no planejamento urbano. As transformações cada vez mais rápidas e os crescentes impactos nessas três áreas merecem consideração na estruturação de políticas de gerenciamento e gestão urbana. Em primeiro lugar, determinar a localização dos pontos de trabalho flexível, com o objetivo de reduzir a poluição e os congestionamentos. Da mesma forma, é importante acomodar essa tendência não só com o transporte, mas com outros aspectos relacionados ao planejamento urbano, como a compatibilização da legislação de uso e ocupação do solo com esses novos modelos.

Com o desenvolvimento de cidades inteligentes e o surgimento da cultura de compartilhamento, as alternativas flexíveis de trabalho devem se espalhar em alta velocidade, concentrando-se nos modelos operacionais e no projeto do local de trabalho. Soluções inovadoras na concepção e no planejamento de locais de trabalho podem aumentar ainda mais a flexibilidade, com usos cada vez mais eficientes de espaço, tempo e dinheiro, o que pode melhorar a produtividade e aumentar a satisfação dos colaboradores.

A experiência que estamos tendo com o distanciamento social em função da epidemia de coronavírus (Covid-19), parece deixar claro que mudanças serão implementadas numa velocidade bem maior do que esperávamos, e virão para ficar.

Cabe ao mercado imobiliário assimilar essas tendências e estruturar produtos que possam viabilizá-las. Ao poder público cabe criar as condições estruturais e legais para que esses empreendimentos possam ser implantados em benefício das cidades e de seus habitantes.

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