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Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

Descrição de chapéu Maratona series

Borat volta ao streaming para desmentir fake news e teorias conspiratórias

Microssérie especial com repórter fictício tem formato didático, com avisos para quando mentiras são contadas em cena

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Existe um mundo em que as pessoas acreditam que vacinas contra coronavírus são aplicadas com um microchip, que as eleições americanas são fraudadas ou que Hillary Clinton bebe sangue de bebês. É um mundo habitado por conspiracionistas, gente com interesses particulares na disseminação da mentira e, agora, por Borat Sagdiyev.

O repórter cazaque está de volta em "O Lockdown Americano de Borat", uma microssérie da Amazon lançada neste mês com a missão de derrubar mitos tão bizarros quanto as perguntas do personagem.

Cena do especial 'Lockdown Americano do Borat' - Divulgação

Quando o britânico Sacha Baron Cohen criou Borat, há duas décadas, seu intuito era tirar do armário machistas, xenófobos, racistas, antissemitas e gente autoritária que, ao encontrar um par, se sentia à vontade para dizer ou fazer barbaridades. Era um espelho virado para a sociedade americana —mas não só— criado a partir do mais fino exercício intelectual, o humor.

Hoje ninguém precisa de Borat para revelar os intolerantes nem para apontar os absurdos que rondam o debate coletivo, seja nos Estados Unidos ou no Brasil. Eles circulam por aí, na rua ou na tribuna da ONU, sem constrangimento —pelo contrário.

É por isso que em vez de nos confrontar com as aberrações que nossa sociedade produz e elege, Baron Cohen resolve confrontar as aberrações com informação.

Boa parte das cenas em "Lockdown" é de sobras do filme anterior, "Fita de Cinema Seguinte", gravado no ano passado, e mostra o personagem convivendo por cinco dias de quarentena com dois americanos brancos de classe média baixa que se entusiasmam com teorias estapafúrdias. Nesse trecho, temos o humor brutal do Borat de sempre, talvez um pouco cansado.

A novidade vem depois, em seis filmetes de sete minutos nos quais cientistas, historiadores, jornalistas, médicos e a própria Hillary encaram Jimmy e Jerry, os dois —aparentemente— incautos que espalham as atrocidades.

O formato curto e didático serve bem para aplicativos de mensagem que viraram o habitat de enganadores e enganados, o que parece ser o principal propósito da microssérie. Resta dúvida se os conspiracionistas em cena foram convencidos —no caso do papo com Hillary, não foram.

Há algo em cena mais revelador de nossos tempos, porém, mais do que Borat: um aviso, no início, de que algumas das afirmações feitas ao longo da série são mentirosas ou fantasiosas e, cada vez que uma delas é mencionada, um ícone surge em cena como alerta ao espectador.

Parece bobo? Em tempos nos quais se veem chefes de Estado discursarem para seus pares sobre ameaças socialistas em curso, remédios ineficazes e outras falácias como se fosse aceitável, desbancar mitos se faz necessário o tempo todo.

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