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Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

Descrição de chapéu Maratona

'Os Encanadores da Casa Branca' traz Watergate em versão chanchada

Minissérie com Woody Harrelson e Justin Theroux aborda lado aloprado de escândalo político

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Exposto meses a fio nas páginas do Washington Post, e com elementos que passeiam por farsa, tragédia, comédia e intriga, é natural que o Watergate tenha sido objeto de livros, filmes, séries e curiosidade nas cinco décadas desde então. "Os Encanadores da Casa Branca", minissérie que a HBO estreou no início de maio, soma-se a essa lista.

Nenhum escândalo político moderno, afinal, deixou tamanha marca cultural como este caso de sabotagem ao comitê eleitoral do Partido Democrata na campanha americana de 1972, que culminaria mais tarde na renúncia do presidente Richard Nixon.

Tanto que "gate" —parte do nome do hotel que, palco do episódio, acabou por batizá-lo— virou sufixo para malfeitos do gênero mundo afora.

O que o roteiro de Alex Gregory e Peter Huyck, que têm no currículo "Veep", acrescenta a essa farta produção é o ponto de vista dos agentes em campo (o nome da série vem da equipe destacada para a operação).

Normalmente abordada do ponto de vista do público, do jornalismo ou da derrocada de Nixon, a história ganha verniz cômico quando os protagonistas passam a ser o ex-agente da CIA E. Howard Hunt (Woody Harrelson) e Gordon Liddy (Justin Theroux), ex-FBI.

Gordon Liddy (1930-2021) em entrevista coletiva após ser solto da prisão, em 1977, onde cumpriu pena por planejar o Watergate - Teresa Zabala/The New York Times

Funciona em parte, sobretudo porque o talento dos dois atores é grande. O apelo histórico do que é retratado, em nuances impossíveis e fartura de personagens, sempre instiga o interesse do espectador.
Lena Headey, como a ex-agente ora dona de casa Dorothy, casada com Hunt, dá dimensão dramática e humana à vida do protagonista bonachão, em um feliz reencontro com o espectador saudoso de vê-la como a calculista Cersei em "Game of Thrones".

Kathleen Turner, na pele da lobista-bomba Dita Beard, primeiro incidente do grupo, também é uma ladra de cenas.

Mais que isso não há, e nos dois episódios exibidos até agora —serão cinco ao todo— o atrito entre o tom pastelão da trama e a profusão de informações políticas/históricas disparadas por cena torna o exercício de acompanhar a série um tanto fatigante.

Os auxiliares cubanos de Hunt são apresentados como trupe de circo; os filhos adolescentes do agente ganham uma subtrama inútil; e a predileção dos dois personagens por perucas mal-ajambradas e flertes canastrões arrematam tudo com um perfume mambembe que a operação frustrada de fato teve.

Mas estamos falando da mãe de todas as crises políticas e de algo ocorrido há 50 anos, é muito para assimilar ante a pirotecnias narrativa.

Liddy e Hunt, assim como os operadores cubanos, acabaram condenados. O prédio do Watergate continua de pé em Washington, embora sua opulência pareça um tanto decadente. Nixon está morto, e seu nome, desonrado. Já o espectador interessado usará melhor seu tempo (re)lendo "Todos os Homens do Presidente", o livro de 1974 de Carl Berstein e Bob Woodward, ou (re)assistindo à versão de Alan J. Pakula (1976) para o cinema da obra dos dois jornalistas do Post que desvendaram a farsa toda.

Novos episódios da série vão ao ar às segundas na HBO

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