Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.
Árbitro de Ceará x São Paulo comete equívoco terrível ao tentar acertar
Wágner Magalhães validou gol e voltou atrás depois de reiniciar a partida
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O absurdo erro do árbitro Wágner Magalhães, em Ceará x São Paulo, poderia provocar a maior crise jurídica do Brasileiro desde o rebaixamento da Portuguesa, em 2013.
Wágner validou gol de Pablo, do São Paulo, e voltou atrás depois de reiniciar a partida, o que configura erro de direito.
É um equívoco terrível, provocado exclusivamente pela tentativa de acertar, o que remete a uma célebre frase de Armando Marques: "A arbitragem brasileira mudou muito. Hoje, os árbitros são péssimos. Mas são honestos."
Há mais desonestidade intelectual em dirigentes de clubes, que induzem ao complô, ao comparar lances diferentes como se fossem iguais. Flamengo e Grêmio já se pronunciaram sobre decisões certas e erradas a favor e contra o São Paulo.
Por exemplo, quando comparam o gol do São Paulo validado contra o Goiás, com o anulado contra o Atlético-MG. A diferença central é sempre um artigo de luxo, chamado informação, que até jornalistas têm preterido em nome da opinião.
O São Paulo tinha uma informação, publicada por este colunista, de que a CBF admitia internamente um erro na colocação da linha de impedimento em Atlético 3 x 0 São Paulo. O gol anulado de Luciano faria o São Paulo abrir o marcador contra o Atlético.
Diga-se, esse erro não levaria à anulação do jogo, por ser erro de arbitragem, não de direito.
De posse da informação, o São Paulo questionou a CBF e recebeu a confirmação do equívoco. No mesmo dia, pediu a substituição do árbitro Rafael Traci, escalado para São Paulo x Grêmio, a partida seguinte.
Traci havia sido o VAR que mal traçou a linha contra o Atlético.
O pedido são-paulino não foi atendido.
Só que a comissão de arbitragem decidiu mudar o VAR de São Paulo x Grêmio, porque Rodolpho Toski Marques tinha sido árbitro de Fortaleza 3 x 3 São Paulo, na quarta-feira anterior, e seria o homem do vídeo no sábado, contra o Grêmio. É protocolo não repetir nomes em duas partidas seguidas de um mesmo clube.
Para corrigir a distorção, Leonardo Gaciba cometeu outra: mudou a escala. Deixou o Grêmio indignado.
Também ficou indignado o Flamengo –e parte de sua torcida– por um gol de Brenner, validado contra o Goiás, sem nenhuma imagem que comprovasse que a bola entrou.
O árbitro de vídeo, Héber Roberto Lopes, explicou que o assistente, Ricardo Bezerra, validou o gol e o VAR não encontrou nenhuma imagem que desmentisse o bandeira.
Torcedores rubro-negros gritaram que, de onde estava, Bezerra não teria condição de validar o gol. Ao que Héber respondeu: "Estava no lugar mais certo possível, porque sua missão era marcar o impedimento".
Nos jogos antes do VAR, a decisão seria do bandeira, no limite do olhar humano. Foi o que aconteceu, por falta de imagem conclusiva na cabine de vídeo.
Nos dois casos, só há informações que levam à conclusão de que os árbitros brasileiros são péssimos, mas honestos.
No mundo, o VAR só está dando certo onde os árbitros são bons: Alemanha e Inglaterra. Mesmo assim, já deu problema num gol do Sheffield United contra o Aston Villa, em que a Premier League admitiu um ponto cego que impediu a validação pelo sistema eletrônico.
No caso de Ceará x São Paulo, a presunção de honestidade de Wágner Magalhães não exclui o eventual pedido de anulação, por erro de direito. Reiniciou o jogo e depois voltou atrás.
O comentarista, Sálvio Spínola, lembra outra frase lapidar de Armando Marques: "Um árbitro apita com a cabeça". No longo processo para melhorar a arbitragem, será necessário colocar a cabeça no lugar antes do apito na boca.
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