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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

Descrição de chapéu Libertadores

Felipão, 73, finalista da Libertadores pela quarta vez, está feliz

Treinador sorri por estar na decisão e por trabalhar com estrutura

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Felipão está feliz. Não apenas por classificar o Athletico-PR para sua segunda final de Libertadores e a si mesmo para a quarta decisão. Está feliz por trabalhar com estrutura. No Brasil, determina-se que as vitórias e derrotas de um treinador têm a ver só com sua capacidade. Às vezes, o clube atrapalha.

Em 2018, quando retornou ao Palmeiras, seis anos depois de passar por um péssimo período da gestão palmeirense, os assessores definiam sua volta à Academia assim: "Parece que ele está na Disneylândia. Os olhos brilham, como se perguntasse: ‘Eu só preciso dar o treino?’".

Antes, em sua segunda passagem pelo Parque Antarctica, entre 2010 e 2012, uma briga com Kleber Gladiador fez o treinador definir que os dois não trabalhariam mais juntos. Questionado sobre o assunto, o presidente da época, Arnaldo Tirone, respondeu de modo patético: "Olha, o Palmeiras tem hierarquia, o presidente está acima, e o que o Felipão decidir nós vamos acatar".

Ao relembrar a história, Luiz Felipe faz o sinal da cruz.

O técnico Luiz Felipe Scolari está em um clube mais bem estruturado do que aquele que em que trabalhava em 2012 - Albari Rosa - 30.ago.22/AFP

A bagunça era tão grande que Scolari decidia coisas da alçada do presidente. O Palmeiras estava sucateado.

A felicidade de 2018 levou ao título brasileiro. No ano seguinte, foi líder até a 11ª rodada, com parte dos programas de debates decretando que o Palmeiras já era bicampeão. A queda de rendimento se juntou à eliminação da Libertadores pelo Grêmio e a uma surra do Flamengo, de Jorge Jesus, 3 a 0 no Maracanã.

Foi demitido pelo diretor-executivo Alexandre Mattos, com quem se reencontrou no Athletico-PR.

A pergunta não é por que razão Felipão foi bem no Palmeiras, de 2018, aos 70 anos, e pode encerrar sua carreira, aos 73, em sua quarta final de Libertadores. Muito mais difícil de entender é a razão de ter assumido o Cruzeiro, em 2020, e o Grêmio, em 2021.

Ou por que decidiu voltar à seleção, em 2014, para tentar o título mundial que já tinha.

Certamente alguém dirá que Felipão viveu o pecado da gula. Quem o conhece de perto sabe que ele não consegue ficar sem trabalhar.

É comovente ver um homem de 73 anos, numa noite de fria de Curitiba, assistindo ao time sub-20 do Athletico, como aconteceu no último dia 1º. Você se lembrará da cena do treinador levantando o celular para mostrar aos colegas que o Grêmio havia demitido Roger Machado e contratado Renato Gaúcho.

Não é importante saber se aprovou ou reprovou a decisão gremista. Relevante é entender que este homem de 73 anos, um dos únicos dois treinadores da história do futebol a disputar três Copas do Mundo e levar sua seleção à semifinal em todas –Zagallo é o outro–, estava vendo o time sub-20 jogar, numa noite curitibana, com oito graus de temperatura.

Felipão não correria o risco do fracasso se estivesse passeando em Gramado, de mãos dadas com dona Olga, como fazia quando foi convidado pelo Cruzeiro, em meio à pandemia. Ou se estivesse em Portugal, curtindo os netos e as homenagens dos portugueses, que o tratam como se fosse um Dom João 6º às avessas, por ter unido o povo do futebol em Portugal.

Depois de encerrar a carreira de jogador, em 1982, Felipão dava aulas todas as manhãs numa escola pública em Montenegro, a 60 km de Porto Alegre. À tarde, viajava pilotando um Fusca por 129 km para treinar os meninos do Caxias e voltava à noite para Porto Alegre, onde estudava educação física.

Assim nasceu o técnico do Chelsea, de Portugal, campeão mundial pelo Brasil, aquele que dirigiu clubes de sete países e está prestes a encerrar a carreira disputando sua quarta final de Libertadores.

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