Siga a folha

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

Na pista de ‘Os Três Mosqueteiros’

Há uma Paris literária ainda mais fascinante que a daqueles endereços infestados de turistas

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Na segunda (5), contei minha expedição pela Paris em que Jean-Luc Godard filmou seus clássicos dos anos 1950 e 1960. Um leitor me desafiou a fazer o mesmo com endereços da literatura, mas sem valer aqueles manjados, que todo mundo conhece —como o Hotel d’Alsace, na rue des Beaux-Arts, 13, onde morreu Oscar Wilde; o Boulevard Haussmann, 102, em cujo 8º andar morou Marcel Proust; e a casa de Gertrude Stein, na rue de Fleurus, 27. O leitor tem razão: há outra Paris literária, ainda mais fascinante.

Daí esqueça os surrados cafés Flore e Deux Magots, onde, hoje, Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir nem botariam os pés, para não tropeçar nos turistas. Sabia que Sartre morou anos no nº 42 da rue Bonaparte, não com Simone como se pensa, mas com a mãe dele? E que Simone, por sua vez, era hóspede fixa do Hotel d’Aubusson, que está lá até hoje, na rue Dauphine, 33, no mesmo imóvel em cuja cave ficava o jazz club existencialista Le Tabou, onde Juliette Gréco fumava cachimbo e inspirava Maurice Merleau-Ponty?

Honoré de Balzac morava na rue du Tournon, 4. Émile Zola, na rue Monsieur Le Prince, 63. Jean Cocteau, na rue de Montpensier, 36. Ernest Hemingway, na rue du Cardinal Lemoine, 74. Na mesma rua, só que no 71, James Joyce. E, no 70bis da rue Notre-Dame des Champs, ficava o humilde apartamento de Ezra Pound e sua mulher Dorothy Shakespeare. O de Edith Wharton, chiquérrimo, com placa na fachada, na rue de Varenne, 53.

Mas excitante mesmo é ir atrás das pegadas de "Os Três Mosqueteiros". D’Artagnan, segundo Alexandre Dumas, morava na rue du Bac, 1 (também com placa). Seus colegas Athos, na rue Férou, Porthos, na rue du Vieux Colombier, e Aramis, na rue de Vaugirard, mas, deles, Dumas não deu os números. E onde se feriam os duelos dos mosqueteiros? Nos Jardins du Luxembourg e na Place Saint-Sulpice.

Grande literatura, mas em Paris ainda cabia muito mais.

Edições de 'Os Três Mosqueteiros' em livros, revistas e álbum de figurinhas dos anos 1950 - Heloisa Seixas

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas