Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.
Não se deve tirar conclusões definitivas sobre jogadores em atividade
Ainda acho que Neymar tem mais talento que Mbappé, mas isso não basta
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No meio de semana, pela Libertadores, Palmeiras, Flamengo e Grêmio, três dos mais festejados times brasileiros, foram derrotados e bastante criticados. Apesar de serem superiores aos adversários, não houve nenhuma zebra.
As principais equipes brasileiras, incluindo o Cruzeiro e outras, possuem muitos bons jogadores, mas nem tanto. Nenhum é titular da seleção, e raríssimos estarão entre os reservas na Copa América, a não ser que Tite queira fazer média com o torcedor.
A badalação a alguns jogadores cria uma expectativa acima da realidade, e a decepção aumenta.
O Flamengo, para afastar o conceito de que a equipe do ano passado era frouxa, passou a ser excessivamente agressivo, violento, como nas expulsões de Gabigol e Bruno Henrique, nos dois últimos jogos. Deixou de jogar futebol.
Como é habitual tentar achar uma única razão para as derrotas, como a contra o Peñarol, o motivo encontrado foi a manutenção de Arrascaeta no banco de reservas. Ele poderia ter entrado.
Porém, mesmo sendo um ótimo jogador, é do mesmo nível dos titulares Bruno Henrique e Diego.
O Palmeiras, contra o San Lorenzo, deixou, desde o início, enormes espaços entre o meio-campo e a defesa. O jogador argentino, livre, recebeu a bola, correu com ela, pensou mil vezes no que fazer e finalizou de fora da área, enquanto os zagueiros estavam colados à grande área. No ano passado, sofreu um gol parecido contra o Boca Juniors.
Esse mau posicionamento é habitual na maioria dos times brasileiros.
Os técnicos morrem de medo de posicionar os zagueiros um pouco à frente e deixar muitos espaços nas costas dos defensores. Para evitar isso, teriam de treinar os goleiros para jogarem fora do gol. É arriscado e dá muito trabalho. Preferem a mesmice.
O Grêmio relaxou, acostumado e inebriado com tantos elogios de que era o time que jogava o melhor e mais agradável futebol do Brasil. Fez um ponto em nove.
Já o Cruzeiro, um dos grandes do Brasil, ganhou os três primeiros jogos. Contra o Emelec, fez um gol e administrou o placar. Rodriguinho continua brilhante, como na época em que foi o melhor do Brasileiro. Joga com a cabeça em pé, sem olhar para a bola, e usa, com ótima técnica, as duas pernas, o que é raro, para passar e finalizar.
Se, no Brasil, há pouquíssimos excelentes jogadores para o nível dos grandes do futebol mundial e da seleção, o mundo todo viu, na semana passada, pela televisão, em Paris, dois craques, Pelé e Mbappé, em um encontro que, dizem, foi promovido pelo empresário dos dois. Pelé, com seu cativante sorriso de menino, continua sendo um ótimo garoto-propaganda.
Xavi, outro craque, disse, antes do Mundial de 2018, que Neymar é o herdeiro de Messi e que Mbappé será o herdeiro de Neymar. Como o francês foi campeão do mundo e está cada dia melhor e como Neymar perdeu prestígio nos dois últimos anos, por suas lesões e por seu comportamento, Mbappé pode furar a fila.
Mbappé, por ser mais jovem, terá mais tempo para evoluir. Ainda acho que Neymar tem mais talento, é mais completo e espetacular. Mas isso não basta.
O grande craque necessita ter conquistas coletivas. Não é o craque que forma um grande time. É o grande time que dá condições para o craque mostrar todo seu talento.
Não se deve tirar conclusões definitivas sobre jogadores que ainda não terminaram suas carreiras. O espetáculo continua. Na frente, segue tudo escuro.
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