Comentarista e ex-jogador. É autor, com Gilvan Ribeiro, de "Casagrande e seus Demônios", "Sócrates e Casagrande - Uma História de Amor" e "Travessia"
Um país indígena precisa de indígenas no poder
Na eleição mais importante da história, é preciso olhar por aqueles que nunca tiveram a escolha de se retirar da luta
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Neste domingo (2), nós sairemos de casa para votar.
Isso mesmo: é a eleição mais importante, mas também a mais perigosa e –possivelmente– a mais violenta da história do nosso Brasil.
Vamos votar contra as armas nas ruas, contra o racismo, a homofobia, o machismo, a violência que vitima mulheres, contra todas as questões ruins que temos na nossa sociedade, mas que se acentuaram com esse desgoverno covarde.
Precisamos pensar no nosso futuro, no futuro dos nossos filhos, netos e no de todos que habitarão este planeta.
Precisamos votar pela proteção dos povos indígenas, contra o desmatamento da Amazônia, contra o tráfico ilegal de madeira, assim como também contra o garimpo desleal e predatório.
Neste texto, quero apresentar a importância de termos representantes dos povos originários traçando políticas fundamentais para os nossos estados e também para o nosso país.
Célia Xakriabá pode ser a primeira indígena deputada federal pelo estado de Minas Gerais a compor a bancada do cocar.
Chegou a hora de falarmos de um tema que está atrasado ao menos em 500 anos. Como diz Célia, que é uma liderança indígena de Minas, antes do Brasil da Coroa, temos o Brasil do Cocar.
Pautar os direitos dos povos indígenas, a sua defesa incansável ao meio ambiente e as candidaturas colocadas nesse pleito são tema número um nessas eleições para o legislativo.
Foram os povos indígenas que se colocaram, em muitos momentos, à frente da luta contra o atual governo, contra a destruição das nossas florestas. Foram eles que lutaram para impedir mais devastação. E agora chegamos à véspera de uma eleição em que temos um recorde de candidaturas indígenas.
Para mim, isso demonstra não só a força dessas lideranças que se colocam como candidatas mas também a urgência em falarmos da ausência desses povos na política brasileira. Na política de um país que é indígena.
E ainda mais importante é perceber que a maioria dessas candidaturas é de mulheres. Célia Xakriabá, candidata a deputada estadual pelo PSOL em Minas Gerais, sempre fala em "mulherizar" a política, em combater a mineração com "mulheração". Sempre reforça que a bancada do cocar foi uma iniciativa das mulheres indígenas no último Acampamento Terra Livre, em abril deste ano.
A candidatura de Célia, assim como as de Sônia Guajajara, Joênia Wapichana, Shirley Krenac e tantas outras que são ou foram postulantes a cargos eletivos é esperança de que ainda será possível preservar o que resta da nossa humanidade. Elas falam em racismo da ausência, e eu falo agora em um compromisso com o planeta e com a reparação histórica dos povos indígenas.
É, sim, sobre representatividade, mas mais do que isso: sobre eleger candidatas comprometidas, preparadas e que nunca tiveram a escolha de se retirar da luta.
Essas são as eleições de nossas vidas. Célia Xakriabá nos lembra de que faltam cinco minutos para salvar o planeta, mas ainda dá tempo. E só dará tempo se nós todos nos empenharmos para eleger essas candidatas e concretizar o sonho da bancada do cocar.
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