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Descrição de chapéu drogas

Colunista da Folha alerta em livro para perigo do enfraquecimento do espaço cívico

Ilona Szabó, atacada por Bolsonaro após nomeação para conselho, aponta perigos do autoritarismo

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São Paulo

A nomeação de Ilona Szabó, presidente do Instituto Igarapé e colunista da Folha, para compor o então obscuro (ao menos para o público em geral) Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, ligado ao Ministério da Justiça, teria sido em outros tempos não mais que uma publicação no Diário Oficial.

É bem possível que, até o início de 2019, quando a empreendedora cívica foi convidada pelo então ministro da Justiça, Sergio Moro, para uma suplência no órgão, o leitor nem ao menos tivesse ouvido falar de tal conselho.

Naquela ocasião, porém, Szabó tornou-se alvo de ataques online de grupos que apoiam o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), devido a suas posições a favor do controle de armas e em relação à política de drogas, entre outras.

O presidente então interveio para que ela fosse exonerada da posição —que é voluntária e não tem poder executivo, já que o conselho é apenas consultivo.

Ilona Szabó participa de encontro de colunistas da Folha em 2019 - Bruno Santos - 21.fev.19/Folhapress

No livro "A Defesa do Espaço Cívico" (ed. Objetiva), Szabó parte do episódio para apontar como governos populistas e/ou autoritários, como os dos Estados Unidos, Rússia, Hungria e Filipinas, além do Brasil, se valem de táticas como intimidação, fake news e abuso de poder para reduzir a participação da sociedade civil e minar a democracia.

Neste ano, o presidente voltou a atacá-la em reunião ministerial cuja íntegra em vídeo foi posteriormente divulgada, assim como em discurso após a demissão do ministro Sergio Moro.

"Um fato que foi noticiado muito no início do ano passado: ele nomeou a senhora Ilona Szabó como suplente de um conselho, e nós sabemos que essa senhora ou senhorita tem publicações, as mais variadas possíveis, defendendo o aborto, ideologia de gênero, entre tantas outras coisas que estão em completo desacordo com as bandeiras que eu defendi, que os cristãos brasileiros também defendiam, e que até ateus defendiam também. Não foi fácil conseguir exoneração dessa pessoa [...]", disse o presidente após a saída do titular da Justiça.

À desnomeação da empreendedora cívica somam-se outros atos nesses dois anos de governo Bolsonaro para enfraquecer conselhos consultivos de que participam a sociedade civil: um decreto que dissolveu esses tipos de órgãos ligados ao governo federal (parte dos quais foram depois restituídos); a redução do número de representantes da sociedade civil e encolhimento de conselhos como o de Política sobre Drogas e Ambiental; e até o corte de verbas para o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura.

Claro e de leitura rápida, o livro de Szabó destaca a importância dessas instâncias para o bom funcionamento da democracia, já que elas preenchem uma camada intermediária entre os indivíduos, famílias ou empresas e o governo, ajudando a direcionar políticas públicas e fiscalizando seu funcionamento.

De forma bastante prática, a obra traz em sua porção final dicas para a atuação nesse espaço cívico, seja online ou offline e com ou sem a participação em partidos políticos. Lista ainda algumas organizações da sociedade civil e suas áreas de atuação para quem deseja se aprofundar nos temas.

Esse tipo de participação na formulação e controle de políticas públicas tem como pressuposto, é claro, a existência de civilidade e de abertura ao debate com quem defende posições divergentes. O relato dos ataques sofridos por Szabó —e por outros ativistas, jornalistas, artistas etc., como ela mesma aponta no livro— deixam claro que isso não interessa a certos grupos ligados ao governo atual.

Desqualificando aqueles que deles discordam como globalistas, comunistas ou seguidores de George Soros, não precisam se aprofundar nos méritos de questões complicadas como o aumento da violência no Brasil ou o fracasso da política para drogas.

A colunista da Folha deixa claro que não vê alternativa a não ser continuar com sua participação cívica, apesar da intimidação. O preço da apatia da sociedade pode ser um agravamento das simultâneas crises econômica, de saúde e climática que vivemos, além do declínio da própria democracia.

A Defesa do Espaço Cívico

Avaliação:
  • Preço: R$ 29,90 (ebook R$ 19,90)
  • Autor: Ilona Szabó
  • Editora: Objetiva
Capa do livro A Defesa do Espaço Cívico, de Ilona Szabó - Divulgação

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