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'Prédios do sexo' integram rede de tráfico de drogas no centro de SP, diz Promotoria

Investigação identificou prostituição de menores de idade e consumo de entorpecentes em dois edifícios nas proximidades da cracolândia

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São Paulo

Dois prédios que funcionam como centros de prostituição fazem parte do que o Ministério Público chama de "ecossistema do crime organizado", comandado pela organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) na região central de São Paulo.

Os endereços, nos bairros Campos Elíseos e Santa Ifigênia, foram alvos de mandados de busca e apreensão durante megaoperação liderada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo), da Promotoria, na manhã desta terça-feira (6).

Policiais usam cão farejador para procurar drogas na favela do Moinho, um dos alvos de megaoperação no centro de São Paulo - Folhapress

Além dos prostíbulos, os promotores identificaram uma estrutura ampla de atividades ilícitas que servem ao tráfico de drogas na região, como a atuação de milícias com agentes de segurança pública, a venda ilegal de armas, a exploração do trabalho de pessoas em situação de vulnerabilidade, a receptação de produtos de furto e roubo, entre outros crimes.

Os investigadores descobriram também o uso de torres clandestinas de comunicação para captar a frequência da Polícia Militar de São Paulo e permitir a grupos criminosos antecipar ações policiais.

Separados por divisórias, os cômodos dos "prédios do sexo", com até dez andares, são usados para prostituição e também recebem usuários que vão aos locais para consumir entorpecentes. Os espaços são divididos por categorias de acordo com o poder aquisitivo do usuário.

Há pequenos bares que funcionam nos andares dos prédios, onde as mulheres recebem os clientes. Preservativos, lubrificantes e medicamentos para disfunção erétil são vendidos por uma espécie de ambulante que oferece os itens pelos cômodos.

Foi constatada também maior movimentação nos dias de semana no horário do almoço comercial, quando os locais são frequentados por homens com uniformes de trabalho.

Além de ter identificado a presença de menores de idade nos ambientes de exploração sexual, foi constatada a exploração de mulheres que recebem drogas como pagamentos pelos programas.

De acordo com a investigação, os endereços são administrados por síndicos filiados ao PCC que agem como "disciplinas" do crime organizado, termo usado para definir os criminosos que fazem a ponte com as lideranças.

Entenda a operação

Liderada pelo Gaeco, a operação desta terça teve a participação das polícias Militar, Civil Federal e Rodoviária Federal, além do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Ministério Público do Trabalho, Receita Federal e estadual, Anatel (Agência Nacional de Telefonia) e Secretaria de Assistência Social do governo.

A ideia, segundo os promotores, é instituir um novo modelo de intervenção capaz de abarcar a complexidade do território, que tem como questão mais visível o consumo de drogas em cenas abertas de uso. O abuso de entorpecentes, no entanto, acontece em meio a crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, abuso de menores, receptação de roubos e furtos, e também condições de trabalho análogas à escravidão.

Com a atuação multidisciplinar, o Gaeco pretende desestruturar esse ecossistema de atividades ilícitas e, assim, romper com o monopólio do PCC nesta região do centro de São Paulo.

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