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Marina Melo lança álbum 'Estamos Aqui' com proposta estética 'menos é mais'

A produção do disco é do mineiro Chico Neves, lendário mestre de estúdio

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São Paulo

"Soft Apocalipse", disco de estreia da cantora paulistana Marina Melo, tinha um caráter fragmentado, de experiências musicais distintas a cada canção, difícil de classificar. Agora ela lança nas plataformas digitais "Estamos Aqui", com dez faixas que apresentam uma identidade forte, uma proposta estética na linha "menos é mais".

Há uma economia de instrumentos, com muita valorização do vocal de Marina, que soa poderoso já no segundo disco de sua vida. A produção é do mineiro Chico Neves, lendário mestre de estúdio que, sem conhecer a cantora previamente, acolheu a artista em sua casa em Macacos (MG), para um mês de gravações.

Na verdade, a "cara" do disco nasceu bem antes de Neves entrar na brincadeira. "Esse álbum começou quando um amigo me emprestou um pedal de loop", conta Marina, fazendo referência a um dispositivo que armazena um determinado som de guitarra, escolhido pelo músico, e o emite repetidas vezes em um tempo já programado.

"Meu amigo me passou o pedal e disse para que brincasse com ele. Na verdade, queria aulas de violão. Eu já me acompanhava com violão, mas não tinha firmeza para subir no palco com ele. Já entrava pedindo desculpas, e não queria isso."

O pedal ficou uns seis meses embaixo da cama de Marina. "Eu não sabia nem ligar nem como plugava o cabo. Um dia me inscrevi num edital para participar de uma Virada Feminista em Jundiaí, e fiz a proposta de um show com pedal de loop."

Aí Marina foi aprovada e não tinha o show pronto. "Aprendi a ligar o pedal, plugar as coisas e comecei a fazer arranjos com os recursos que eu tinha. Um violão, um oitavador que fazia as vezes de um baixo, minha voz e minhas canções. E comecei a gostar."

Incentivada por amigos que ouviam o novo material e elogiavam, ela foi aprendendo. Chegou a levar esse show para Lisboa. Nesse processo, entrou na vida de Marina o álbum "Soltar os Cavalos" (2018), da cantora mineira Julia Branco, produzido por Chico Neves.

"Eu não conhecia a Julia nem o Chico. Ouvi e percebi que eles estavam muito adiantados na pesquisa que eu estava começando a fazer. Os elementos que estava começando a mexer estavam ali. Muito baixo, muita percussão vocal, muitas vozes e a palavra em primeiro plano."

Marina defende que faz canções para dizer coisas, "não porque eu tenho uma técnica vocal que as pessoas não podem viver sem ouvir ou porque minhas harmonias são incríveis. É porque tenho coisas a dizer. O disco da Julia foi um farol pra mim."

Depois de passar num edital da Prefeitura de São Paulo para produzir áudio musical, ligou para Neves. Veio o convite para passar um mês em Minas para gravar. Conta que foi para Macacos disposta a concordar com todas as mudanças que o produtor com quatro décadas de carreira poderia sugerir.  Foi surpreendida com elogios de Neves, que quis seguir o rumo que a cantora já trilhava.

"Sabia que eu não queria guitarra e pressentia que não teria bateria", recorda Marina. O resultado é um disco de assinatura forte, tem unidade e coesão. Com alguns arranjos que Marina tinha concebido e outros orientados por Neves, o disco utiliza poucos instrumentos, exibe pequenos silêncios e muitas quebras melódicas.

Essa moldura sustenta letras bem singulares, algumas com declarações políticas clara, como "Quem Mandou Matar", sobre o assassinato de Marielle Franco, ou "Ninguém Aqui Nasceu com Ódio", que fala de sofrimentos impingidos por intolerância. Mas até as canções mais leves, mais pop, como "Eita, Baby" ou "Loukkk", têm fortes posicionamentos pessoais.

Com "Estamos Aqui" pronto, ficam como lembranças inusitadas para contar aos amigos os dias em Macacos. Logo ao chegar na cidade, Marina precisou deixar a casa charmosa que Neves tinha alugado para ela. Por ali poderia passar o vazamento destruidor que um possível rompimento de barragem de mineração poderia provocar. A cantora, como todos na cidade, viveu sob o risco de ouvir a sirene de evacuação a qualquer momento. Não aconteceu o pior, mas ela sentiu como essa ameaça atingiu em cheio a vida dos habitantes do local.

Agora, as preocupações de Marina estão voltadas para manter a unidade visual de cores fortes, que remetem à pop art, dos três clipes que já lançou e conversam entre si: "Eita, Baby", "Gente" e "Loukkk". As referências também vão ser repetidas nos shows. O primeiro será nesta sexta (30), no Centro Cultural São Paulo.

"Será intenso", diz Marina. "Eu, o violão e o pedal. O show é um momento de deleite e de entrega. Devo tocar tudo no novo disco, duas do álbum anterior e uma inédita." A noite terá participações de Lio (do projeto Tuyo) e Marcelle Disconexa (antes conhecida como Marcelle Equivocada), além de uma surpresa especial.

Marina Melo - Lançamento do álbum "Estamos Aqui"

Avaliação:
  • Quando: Sexta (30/8), às 19h
  • Onde: Centro Cultural São Paulo, r. Vergueiro, 1.000
  • Preço: Ingressos gratuitos distribuídos na bilheteria duas horas antes do evento

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