Jô Soares criticou política brasileira com FHC, Lula e Sarney em charges; veja

Humorista morreu na madrugada desta sexta-feira, no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, aos 84 anos

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São Paulo

Jô Soares, morto aos 84 anos, nesta sexta-feira, publicou uma série de charges nesta Folha em que criticou a política brasileira e discutiu, com humor, figuras como Lula, Fernando Henrique Cardoso e José Sarney.

Sua primeira charge publicada neste jornal foi em 21 de abril de 1985. Acompanhava a coluna "Censura-Padrão". Os dois personagens, que sempre apareciam, discutiam FHC, então senador e candidato ao governo de São Paulo.

Mesmo com o encerramento da publicação de charges, Jô Soares continuou a discutir a política brasileira. Desde a chegada de Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto, ele também escreveu neste jornal uma série de cartas abertas endereçadas ao presidente.

Jô Soares, morto aos 84 anos, teve carreiras prolíficas na televisão, no teatro, na literatura e no cinema. Divulgação/

Nascido no Rio de Janeiro em 16 de janeiro de 1938, ele tinha o hábito de usar uma foto sua com um ano de idade em seu crachá da Globo. Acervo Pessoal Jô Soares/

Quando era pequeno, morou num anexo do Copacabana Palace e chegou a passar uma temporada de cinco anos na Europa, durante a adolescência. Acervo Pessoal Jô Soares/

Ele estudou na Suíça, aprendeu vários idiomas e queria ser diplomata, mas se encantou pelo mundo artístico e, ao voltar ao Brasil, no fim dos anos 1950, começou a fazer aulas de teatro. Acervo Pessoal Jô Soares/

Jô começou a trabalhar, então, na TV Rio e de lá foi para a TV Record, após se mudar para São Paulo nos anos 1960. Wilman/Acervo UH/Folhapress/Wilman/Acervo UH/Folhapress

Um dos maiores sucessos da carreira foi como o mordomo do seriado A Família Trapo, em que atuou com Otello Zeloni, Renata Fronzi, Ronald Golias, Cidinha Campos e Renato Corte Real. Divulgação/

Foi para a Globo em 1970, com "Faça Humor, Não Faça Guerra", e lá atuou como ator e redator em "Planeta dos Homens" (na foto, ao lado de Agildo Ribeiro). Rede Globo/Divulgação/

Na emissora criou o cordão "um beijo do Gordo", no programa "Viva o Gordo", em que fazia o icônica Capitão Gay (na foto, ao lado de Eliezer Motta). TV Globo/

Em paralelo, também se aventurava pelo cinema, em filmes como "Amante Muito Louca", em que atuou ao lado de Tereza Rachel. Outros créditos incluem "O Xangô de Baker Street" e "O Pai do Povo", que também dirigiu. acervo pessoal/

Outro humorístico de sucesso foi "Satiricon", também na Globo. Rede Globo/Divulgação/

Seu primeiro programa de entrevistas veio já em 1973, o Globo Gente, em que entrevistou nomes como Dina Sfat. Divulgação/

Em 1988, foi para o SBT apresentar o "Jô Soares Onze e Meia" e, no mesmo ano, recebeu de Silvio Santos o prêmio Troféu Imprensa. João Batista da Silva/Divulgação/

Ele ficou no SBT por 11 anos e continuou o programa de entrevistas com nomes de peso, como o ator Paulo Autran. Divulgação/

Ele também criou para a emissora o humorístico "Veja o Gordo". Folhapress/Luiz Novaes

Sempre investindo em sua veia humorística, também participou de "A Praça É Nossa", ao lado de Carlos Alberto de Nóbrega. Moacyr dos Santos/Divulgação/

Na imagem, de 1989, Jô posa para foto em sua casa. Folhapress/Ed Viggiani

O então prefeito Paulo Maluf foi um dos convidados de "Jô Soares Onze e Meia", numa entrevista que juntou a experiência de apresentador à de humorista, e em que Jô fumou um charuto ao questionar o político sobre o decreto antifumo. Mujica/Folhapress/

Em 1993, para comemorar os cinco anos do "Jô Soares Onze e Meia", Jô foi entrevistado pela amiga Hebe Camargo. César Itiberê/Folhapress/César Itiberê

Em 2000, Jô voltou à Globo com o "Programa do Jô", que naquele mesmo ano teve uma de suas edições mais icônicas, justamente com Hebe e as amigas Lolita Rodrigues e Nair Bello. Almeida Rocha/Folhapress/

Na foto de 1993, Jô aparece na estreia de um show no Teatro Cultura Artística. Entre os espetáculos que levou ao palco ou nos quais atuou estão "O Auto da Compadecida", "Oscar", "Os Sete Gatinhos", "O Estranho Casal" e "Três Dias de Chuva". Folhapress/Paulo Giandalia

No 31º Prêmio Shell de Teatro, Jô Soares foi homenageado e recebeu um troféu pelas mãos de Vilma Melo e Marcos Caruso. Divulgação/

Em 2018, ele dirigiu e atuou no espetáculo "A Noite de 16 de Janeiro". Folhapress/Adriano Vizoni

Uma das montagens mais celebradas foi a de "Ricardo 3º", de Shakespeare, de 2006, em que dirigiu Marco Ricca, Denise Fraga e Gloria Menezes. Eduardo Knapp/Folhapress/

Glória Menezes também foi, ao lado do marido Tarcísio Meira, uma das principais convidadas a passar pelo "Programa do Jô". Ramón Vasconcelos/TV Globo/Divul/

Outra entrevista marcante foi a de Dilma Rousseff, que lhe rendeu ameaças de morte em 2015, um ano antes de "Programa do Jô" sair do ar. Reprodução/

Na literatura, escreveu os livros "O Astronauta sem Regime", "O Xangô de Baker Street", "O Homem que Matou Getúlio Vargas", "Assassinatos na Academia de Letras" e "As Esganadas". Jardiel Carvalho/Folhapress/

Jô Soares morreu aos 84 anos, em São Paulo, onde estava internado. Na imagem, um retrato seu feito pelo fotógrafo Bob Wolfenson. Bob Wolfenstein/Divulgação/Bob Wolfenstein/Divulgação

A morte de José Eugênio Soares foi confirmada por sua ex-mulher, Flavia Pedras Soares, nas redes sociais. Ele estava internado no hospital Sírio Libanês, em São Paulo. A causa da morte não foi informada e o funeral, em local não divulgado, será apenas para familiares e amigos.

Reveja abaixo charges do humorista publicadas nesta Folha.

Charge de Jô Soares que acompanhava o texto "Censura-padrão", sua primeira coluna publicada na Folha em 21 de abril de 1985. Jô Soares/

Charges que questionava o horário eleitoral gratuito, publicada em 13 de outubro de 1985 no texto "Ajudando o pacto". Jô Soares/

Última charge de Jô Soares. O desenho acompanhava a coluna "Um pequeno estudo sobre viadutos", sua última coluna na Folha. Jô Soares/

Charge de Jô Soares publicada em 20 de outubro de 1985 na coluna "Viagem à lua". Jô Soares/

Charge de Jô Soares publicada em sua coluna de 26 de maio de 1985 que falava da relação do Brasil com a dívida externa. Jô Soares/

Charge "Os grandes baratos" que fala sobre a poluição dos rios. O desenho acompanhava a coluna "Todo o lixo do mundo", de 12 de janeiro de 1986. Jô Soares/

Charge que acompanhava a coluna "Dos esportes imbecis" de 4 de maio de 1986. Jô Soares/

Desenho de Jô Soares "Os grandes baratos". As charges acompanhavam sempre suas colunas. Este faz parte do texto "O templo do consumo". Jô Soares/

Charge de Jô Soares que acompanhava a coluna "Ideias e projetos", de 4 de agosto de 1985. Jô Soares/

Charges de Jô Soares . Jô Soares/

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