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Entenda por que Jean-Luc Godard pode ser considerado o pai dos youtubers

Para Michel Hazanavicius, que dirigiu drama biográfico sobre o cineasta, herança dele está em todos os diretores

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São Paulo

Godard é o pai dos youtubers. A tese, que em princípio parece absurda, é do diretor francês Michel Hazanavicius. "Eles usam os mesmos truques dele", disse, em entrevista a estre jornal, em 2017. Na época, ele lançava o drama biográfico "O Formidável", que traz o ator Louis Garrel no papel do cineasta, morto nesta terça-feira.

O que Hazanavicius quis dizer é que sem Godard não haveria aqueles cortes abruptos nas falas dos youtubers, que dão mais agilidade aos vídeos. O recurso se chama "jump cut". É um artifício de montagem que consiste basicamente num picote dentro de um mesmo plano para criar a impressão de que houve um breve salto no tempo no filme.

A atriz Stacy Martin, no papel de Anne Wiazemsky, e Louis Garrel, como Jean-Luc Godard, em cena do filme 'O Formidável', de Michel Hazanavicius - Divulgação

Não é um corte nada sutil; muito pelo contrário. E fazia parte da técnica do franco-suíço subverter as convenções cinematográficas. Antes dele, vale dizer, a regra é que eventuais cortes dentro de uma mesma sequência fossem muito mais suaves, quase imperceptíveis ao espectador. Mas Godard não estava interessado em manter o público assim totalmente imerso na narrativa e alheio ao fato de que estava diante do filme.

Quem assiste a "Acossado", longa seminal que fincou as bases do movimento da nouvelle vague, percebe esse recurso de cara, como na cena em que os personagens de Jean-Paul Belmondo e Jean Seberg conversam enquanto vagam de carro. A todo momento, o trecho é picotado.

"Existe um antes e um depois dele", afirmou Hazanavicius quando entrevistado. "Sua herança está em todos os diretores, mesmo em quem não sabe."

Godard, vale dizer, odiou a atitude de Hazanavicius de fazer um filme baseado em sua vida. "Que ideia estúpida!", disse o cineasta, assim que soube do projeto de "O Formidável". O longa teve recepção morna logo que estreou, no Festival de Cannes, apesar de Garrel ter tido seu desempenho elogiado.

A trama gira em torno da vida do cineasta nos anos de 1967, quando ele se viu flertando com o maoísmo e lançou "A Chinesa", e de 1968, quando Paris foi sacudida por movimentos estudantis que também mexeram com a cabeça de Godard.

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