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Conheça dez filmes que são essenciais para entender quem foi Jean-Luc Godard

Cineasta, que foi um dos principais nomes da nouvelle vague, deixou obra monumental que inspirou gerações de diretores

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São Paulo

Jean-Luc Godard, que morreu nesta terça-feira, aos 91 anos, deixou uma obra monumental e firmou seu nome como um autor incontornável da história do cinema.

Dividindo com François Truffaut o posto de maiores ícones da nouvelle vague, o diretor franco-suíço fez filmes que, embora muitas vezes herméticos, serviram de influência para todas as gerações subsequentes de realizadores. A nova Hollywood, por exemplo, que despontou nos anos 1960, deve muito a ele. Assim como cineastas brasileiros como Glauber Rocha e Rogério Sganzerla.

O diretor Jean-Luc Godard em imagem de divulgação de seu filme 'Imagem e Palavra'
O diretor Jean-Luc Godard em imagem de divulgação de seu filme 'Imagem e Palavra' - Reprodução

Conheça abaixo dez filmes essenciais para entender a obra de Godard.

'Acossado'
A estreia do longa, em 1960, causou comoção e provocou uma revolução no cinema com sua história de um ladrão, vivido por Jean-Paul Belmondo, que se une a uma estudante, interpretada por Jean Seberg, e arma uma fuga das autoridades. Uma de suas principais inovações foi o uso do "jump cut", técnica de montagem de picotar um mesmo plano, para criar a impressão de que houve um breve salto no tempo no filme.

'Viver a Vida'
Anna Karina, uma das principais musas do cineasta, vive uma moça parisiense que cai na prostituição por meio de uma história contada sob a forma de episódios. Fato notório a respeito deste filme é que o roteiro cabia numa única página de papel, e que os atores improvisavam nas cenas, algo que se tornou uma das principais marcas do cineasta.

'O Desprezo'
Brigitte Bardot e Michel Piccoli fazem um casal envolvido com o cinema numa das várias incursões metalinguísticas do diretor franco-suíço. Para este filme, que estreou em 1963, Godard contou com um orçamento mais gordo do que estava acostumado, mas isso não o impediu de dizer que odiou o resultado. Um detalhe —a cena da discussão entre os personagens principais dura 34 minutos.

'Bando à Parte'
Mais uma história de delinquência pincelada com múltiplas referências cinematográficas. Uma dupla de estudantes se afeiçoa a uma colega charmosa —Anna Karina, quem mais?—, e juntos os três armam um roubo. Vem dele a famosa sequência em que os atores correm pelos salões do Louvre, tentando visitar o museu às pressas, que mais tarde seria homenageada pelo trio Louis Garrel, Eva Green e Michael Pitt em "Os Sonhadores", de Bernardo Bertolucci.

'O Demônio das Onze Horas'
Em 1965, cada vez mais crítico à sociedade de consumo, Godard escalou Belmondo e Anna Karina para interpretarem um casal que foge da aburguesada Paris para tentar a vida sob o sol do Mediterrâneo —ela, no papel de uma militante assassina. O diretor diria que este "não é exatamente um filme", mas que "é a vida enchendo a tela, como uma torneira enche uma banheira ao mesmo tempo em que ela se esvazia".

'Alphaville'
Godard imagina o futuro, em 1965, nessa história em que um detetive particular americano tem de viajar até uma cidade governada por um déspota que baniu a liberdade de expressão —as anedotas cinematográficas dão conta de que o cineasta chegou a cogitar entregar o papel do tirano ao semiólogo e filósofo Roland Barthes.

'Week-End à Francesa'
Depois de mirar a sociedade de consumo, por que não disparar dardos à tara automobilística? Em 1967, muito antes de David Cronenberg, com seu "Crash: Estranhos Prazeres", Godard já imaginava a sua própria distopia motorizada, numa trama que gira em torno de um trânsito de proporções colossais na estrada e que descamba para o caos total.

'A Chinesa'
Os humores do pré-Maio de 68 provocou uma radicalização no pensamento de Godard, que flertava com as ideias de Mao Tse-Tung, e este longa, lançado naquele ano, já é uma mostra de como o diretor passou a ficar cada vez mais experimental —hermético até. Anne Wiazemsky, mulher do cineasta à época, e Jean-Pierre Léaud, ator preferido de Truffaut, fazem o papel de estudantes que mergulham no maoísmo.

'Eu Vos Saúdo, Maria'
Mesmo após o fim da ditadura, em 1985, Godard foi censurado no Brasil. O motivo foi a trama desse filme, que reconta a história da Virgem Maria, mas na Paris dos anos 1980, e que incomodou os católicos. O próprio José Sarney, que era presidente da República na época, assinou o veto —vale dizer que a atual Constituição, que proíbe a censura prévia, só seria promulgada três anos depois.

'Imagem e Palavra'
O último filme de Godard, esse documentário lançado em 2018, é um grande exemplo da produção do cineasta em seus anos derradeiros —mais do que uma história linear, ganha ares de aula de semiótica ao estudar temas como a iconografia nazista, cenas de filmes hollywoodianos e telas de Cézanne. Marcou a última aparição do cineasta em Cannes, de onde saiu premiado por sua contribuição artística pelo júri presidido por Cate Blanchett.

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