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Roteiro fraco de 'Filho de Boi' tira força de seus atores e paisagens

Produção de Haroldo Borges acompanha garoto entre o rigor do pai e o encanto por circo que passa pelo sertão

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Filho de Boi

Avaliação: Regular
  • Quando: Em cartaz nos cinemas
  • Classificação: 14 anos
  • Elenco: Vinicius Bustani, João Pedro Dias, Luiz Carlos Vasconcelos
  • Produção: Brasil, 2020
  • Direção: Haroldo Borges

A primeira coisa que chama a atenção em "Filho de Boi" é a paisagem: um sertão seco, de vacas magras, e, no entanto, de uma exuberância que tem algo de encantador, ao menos tal como explorado pelo filme. A terra, a vegetação rara, amarelada, quebradiça, não consegue nos assustar, talvez porque se deixe complementar pelo céu azul.

Cartaz do filme 'Filho de Boi', de Haroldo Borges - Divulgação

A segunda coisa é Luiz Carlos Vasconcelos, que interpreta o pai do jovem João. Ele é preciso no papel do pai severo demais, violento, exigente com o filho. Saberemos ao longo do filme que isso tem alguma relação com a mãe de João, que o abandonou.

Isto é, não sabemos se ela desapareceu por causa desse temperamento do homem ou se a secura absoluta que o caracteriza surge por causa disso. Na verdade, isso não importa, e sim o fato de Vasconcelos continuar sendo um ator que se faz desaparecer sob o papel, sua mais rara virtude.

O ponto mais fraco do filme talvez seja o seu argumento. João é um menino que chega à adolescência sem amigos, exigido (e corrigido) ao máximo pelo pai no trabalho com seu magro gado. Ao mesmo tempo, desenvolve um grande fascínio pelo circo que chega às redondezas e ali, aliás, fará suas primeiras amizades.

Não sabemos se João frequenta a escola ou não, se é alfabetizado ou não. Se tomarmos como paradigma de filme sobre a infância "Os Incompreendidos", de François Truffaut, vemos ali a escola como um lugar de conflitos muito produtivos, cinematograficamente. Não tendo explorado esse caminho, Haroldo Borges limita seu jovem herói a ser hostilizado por outros meninos do lugar. Mas de um lugar que, na verdade, desconhecemos.

O circo vai se tornar a locação privilegiada: é onde fica a fascinação do menino. É ali que o filme de Haroldo Borges vai se desviar da convenção. A pobreza dos saltimbancos não desmente a aspereza do lugar, o que os torna interessantes para João. E eles o acolhem de maneira calorosa.

Isso permite ao filme explorar devidamente o que há de misterioso no rosto do menino, e que não deixa de lembrar um pouco o "Alemanha Ano Zero", de Rossellini —nunca sabemos o que ele pensa ou sente, quando repreendido pelo pai ou mimado pela trupe do circo. João permanece impassível em praticamente todas as situações, e isso é uma força do seu personagem.

Entre problemas que resolve e outros que ficam no ar, "Filho de Boi" surge como um filme digno, que, sem nada de muito inovador, também não chega a tocar no problema central do cinema brasileiro contemporâneo, que é a tremenda distância entre os filmes e as plateias.

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