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Bancos enfrentam exame de reguladores sobre liquidação de ações da Archegos

Negociações de última hora são sobre correção de apostas, mas nenhum acordo oficial é alcançado

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Financial Times

Reguladores de valores mobiliários nos Estados Unidos e na Europa estão analisando as discussões entre seis bancos ligados à Archegos Capital Management para decidir se algum deles atuou de forma inadequada durante uma recente liquidação de ações que ultrapassou US$ 20 bilhões.

O fundador da Archegos, Bill Hwang, reuniu na quinta-feira (25) os credores de Wall Street Goldman Sachs, Morgan Stanley e Wells Fargo, assim como os rivais suíços UBS e Credit Suisse e o japonês Nomura, numa tentativa de última hora para corrigir de maneira ordenada bilhões de dólares em apostas em mercados.

Mas na sexta os bancos começaram a vender grandes blocos de ações que tinham sustentado os negócios de Hwang, derrubando US$ 33 bilhões do valor dos grupos de mídia ViacomCBS e Discovery e ações tecnológicas chinesas como Baidu. As vendas produziram prejuízos para o Nomura e o Credit Suisse que deverão atingir bilhões de dólares.

Bancos enfrentam exame de reguladores a respeito da liquidação de ações da Archegos, cujo valor ultrapassou US$ 20 bilhões - Gabriel Cabral - 24.mar.2021/Folhapress
A SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos) e a Autoridade de Conduta Financeira do Reino Unido solicitaram informações dos bancos envolvidos. O órgão de autorregulamentação de Wall Street, Finra, também contatou os bancos no centro da debacle da Archegos.

Enquanto as perdas da Archegos aumentavam na semana passada, várias corretoras de primeira linha que tinham estendido crédito à firma tentaram concordar com uma correção ordenada dos negócios ao longo do tempo, temendo que uma liquidação urgente deprimisse o valor dos títulos em nome da Archegos.

Uma pessoa disse que eles esperavam vender o livro da Archegos num período aproximado de 20 dias.
Enquanto os bancos não alcançavam uma decisão oficial sobre como descarregar as ações, pessoas inteiradas das negociações disseram que "parecia haver" um acordo entre quatro dos seis bancos antes da abertura dos mercados na sexta de que uma "correção desordenada" seria prejudicial a todos.

Pessoas inteiradas das negociações disseram que o Goldman Sachs, que estava "muito exposto" à Archegos, escutou as discussões mas não se comprometeu com um acordo na noite de quinta. Na manhã de sexta, o banco ofereceu uma venda em bloco de US$ 3,36 bilhões que foi rapidamente aumentada para US$ 6,6 bilhões. No final do dia, o banco tinha liquidado cerca de US$ 10,5 bilhões em títulos ligados à Archegos, segundo pessoas informadas sobre o assunto.

O Morgan Stanley também vendeu mais de US$ 10 bilhões em ações ligadas à Archegos, incluindo cerca de US$ 8 bilhões que negociou em grandes blocos na sexta.

"A atitude era que se você está falando sobre conseguir um acordo de imobilidade então a atitude é que provavelmente [Hwang] terá dificuldade para sobreviver à sexta-feira", disse uma pessoa inteirada das discussões.

Hwang reuniu nos últimos anos um grupo impressionante de contrapartidas a seus negócios com vários bancos, que se estendem a bilhões de dólares em crédito a sua empresa familiar. Isso permitiu que ele fizesse apostas de alto nível.

As corretagens de primeira linha geralmente emprestam dinheiro e títulos a investidores e processam seus negócios. O negócio é arriscado, mas pode ser altamente lucrativo para as corretoras. A maioria dos negócios de Hwang era feita usando os chamados swaps de taxa de retorno total --derivativos que permitem que os investidores paguem uma taxa em troca de uma posição enquanto o título subjacente é de propriedade do banco.

Em vez de uma venda ordenada, vários dos bancos restantes só venderam recentemente as ações ligadas às transações da Archegos, enquanto outros ficaram com prejuízos em seus negócios com a firma. O Wells Fargo vendeu cerca de US$ 2,1 bilhões em ações ligadas à Archegos na segunda-feira.

A queda acentuada dos preços das ações que se seguiu à liquidação causou grandes prejuízos ao Credit Suisse e o Nomura, em particular. Analistas do JPMorgan Chase esperam que as perdas entre grandes corretoras possam alcançar de US$ 5 bilhões a US$ 10 bilhões, caracterizando-as como "prejuízos muito além de um cenário normal de correção para o setor".

Analistas da divisão de pesquisa do Goldman Sachs reduziram a classificação do Nomura, citando as perdas que ele susteve da queda da Archegos assim como o fato de que "preocupações no mercado em torno de questões de gestão de riscos podem persistir".

As perguntas da SEC se concentraram no pedido que as principais corretoras fizeram à Archegos na noite de quinta, os negócios que se seguiram na sexta e suas práticas de gestão de riscos. Os reguladores também estavam ávidos para entender como um chamado escritório de família tinha reunido posições tão grandes dado o seu tamanho, e também como ele podia causar tanto dano a seus vendedores principais.

A SEC, a Finra e a FCA não quiseram comentar. Os bancos ou se recusaram a falar ou não responderam a pedidos de comentários.

A Archegos disse que "todos os planos estão sendo discutidos enquanto Hwang e a equipe determinam o melhor caminho a seguir".

Colaborou Owen Walker

Eric Platt , Leo Lewis , Ortenca Aliaj e Stephen Morris

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