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A presidente do NDB (Novo Banco de Desenvolvimento), nome oficial do Banco dos Brics, Dilma Rousseff, afirmou que o banco planeja emprestar nas moedas sul-africana e brasileira como parte de um plano para reduzir a dependência do dólar e promover um sistema financeiro internacional com outros protagonistas.
Dilma também afirmou que o banco sediado em Xangai está avaliando os pedidos de adesão de cerca de 15 países e provavelmente deve aprovar a entrada de quatro ou cinco. Ela se recusou a mencionar os países, mas disse que era uma prioridade para o NDB diversificar sua representação geográfica.
"Esperamos emprestar entre US$ 8 bilhões [R$ 39,5 bi] e US$ 10 bilhões este ano [R$ 49,4 bi]", disse Dilma, em entrevista ao Financial Times. "Nosso objetivo é alcançar cerca de 30% de tudo o que emprestamos... em moeda local."
Ela disse que o NDB emitiria dívida em rand para empréstimos na África do Sul e faria "a mesma coisa no Brasil com o real. Vamos tentar fazer uma troca de moeda ou emitir dívida. E também em rúpias." O banco já empresta em renminbi.
A expansão do empréstimo em moeda local apoia um objetivo maior acordado pelas nações do Brics de incentivar o uso de alternativas ao dólar em transações comerciais e financeiras.
As nações do Brics - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - criaram o NDB em 2015 como uma alternativa às instituições financeiras dominadas pelos Estados Unidos, como o FMI e o Banco Mundial.
O NDB emprestou US$ 33 bilhões para projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável e incorporou Egito, Bangladesh e Emirados Árabes Unidos (nações não pertencentes ao Brics) como membros adicionais, com o Uruguai em estágios finais de admissão.
A ex-presidente brasileira disse que empréstimos em moeda local permitiriam que os mutuários nos países membros evitassem o risco cambial e as variações nas taxas de juros dos Estados Unidos. "As moedas locais não são alternativas ao dólar", disse ela. "Elas são alternativas a um sistema. Até agora, o sistema tem sido unipolar... ele será substituído por um sistema mais multipolar."
O banco dos Brics também tem tentado se distinguir do Banco Mundial e do FMI ao não impor listas de condições políticas para empréstimos. "Repudiamos qualquer tipo de condicionalidade", afirmou a presidente do NDB. "Muitas vezes, um empréstimo é concedido sob a condição de que certas políticas sejam implementadas. Nós não fazemos isso. Respeitamos as políticas de cada país."
Apesar de sua intenção de oferecer uma alternativa à ordem financeira baseada nos Estados Unidos, o NDB foi forçado a suspender todas as operações no país membro Rússia para evitar sanções e ser excluído do sistema financeiro internacional. "Você não pode negar que [o sistema financeiro internacional] existe", admitiu Dilma. "Você tem que conviver com isso."
A agência de classificação de risco Fitch rebaixou a dívida do NDB de AA+ para AA no ano passado, com uma perspectiva negativa, devido à exposição do banco à Rússia, afirmando que "poderia enfrentar desafios para emitir um título de longo prazo nos mercados de capital dos EUA".
Isso ocorreu devido aos riscos de imagem associados à sua estrutura de propriedade parcialmente russa, afirmou a agência de classificação, com Moscou detendo 19,4% do capital no final de 2021. A Fitch revisou a perspectiva do NDB para estável em maio, depois que o banco conseguiu emitir um green bond de US$ 1,25 bilhão, mas não restaurou a classificação AA+.
Dilma disse que acreditava que o banco tem muito espaço para crescer, afirmando que, aos sete anos de idade, é o mais novo dos bancos de desenvolvimento do mundo. "Vamos nos transformar em um banco importante para países em desenvolvimento e mercados emergentes", disse ela. "Nosso foco deve ser esse: um banco feito por países em desenvolvimento para si mesmos."
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