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Marmiteiros viram homechefs e adequam métodos para entregas na pandemia

Com aumento no número de cozinheiros, aplicativos elevam grau de exigência

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São Paulo

A pandemia ajudou a inflar o setor de fornecimento de comida caseira por delivery. Só o aplicativo Apptite, que entrega 1.800 pratos diariamente na capital paulista, viu o número de cozinheiros cadastrados quadruplicar desde o início da quarentena.

“Dessa turma de homechefs que entrou a partir de abril, muita gente vem de restaurantes que fecharam as portas, mas também há profissionais de outras áreas que já cozinhavam de forma amadora e precisaram acionar o plano B”, relata o presidente do Apptite, Guilherme Parente, 41.

Os 600 cozinheiros cadastrados no aplicativo estão passando, pela primeira vez, por uma avaliação criteriosa.

Agora, todos os profissionais são obrigados a fazer curso online de boas práticas na manipulação de alimentos e suas cozinhas estão sendo vistoriadas por nutricionistas.

Ao longo de até uma hora e meia de visita, que pode ser online ou presencial, o profissional inspeciona 14 itens, que vão da higiene das instalações ao método de descarte do óleo usado.

Prato de filé à milanesa da homechef Marilia Gonçalves de Souza - Nilfabio.com/Divulgação

Cozinheiros informais também serão impedidos de trabalhar pela plataforma. Todos devem se regularizar como MEI (microempreendedor individual) ou ME (microempresa) —das MEs, ainda será exigido o Cadastro Municipal de Vigilância em Saúde.

Segundo Parente, as normas têm como objetivo deixar o cliente mais confiante na hora de fazer o pedido. Em pesquisa informal, cerca de 20% dos usuários relataram ter dúvidas em relação às práticas dos cozinheiros.

“Em quase cinco anos de atuação, nunca tivemos qualquer episódio de contaminação, porque os profissionais sabem que o bom nome é o principal ativo que eles têm. Ainda assim, criamos esses procedimentos para aumentar a segurança. Os cozinheiros terão uma certificação que todos os clientes poderão conferir.”

Cadastrada no Apptite desde 2017, Marilia Gonçalves de Souza, 58, já tinha experiência na gestão e implantação de restaurantes quando decidiu virar homechef.

Os cerca de 20 pratos que ela entrega por dia são preparados na cozinha doméstica, onde nunca faltaram equipamentos. Mas cozinhar para o público, ela avisa, exige adaptações.

“Além de adquirir uma geladeira extra e dois freezers, troquei os utensílios de madeira e de bambu, que não são permitidos pela Anvisa. Até a mesa de montagem dos pratos agora é de aço inox.”

A homechef Marilia Gonçalves de Souza - Divulgação

Outras adaptações comuns que os cozinheiros são obrigados a fazer, segundo Parente, são a instalação de lixeira com pedal e o uso obrigatório de etiquetas de validade.

“Entre os erros mais comuns que encontramos estão o uso de lixeira de pia e a higienização de hortaliças só com água e vinagre”, ele conta.

Só que nem todas as normas determinadas pela Anvisa são adaptáveis para o universo doméstico, o que estimulou o empresário a lutar por uma legislação própria para os homechefs.

Ele e Nelson Andreatta, 40, fundador de outro aplicativo similar, o Eats For You, se uniram e participaram da redação do Projeto de Lei 689/2020, apresentado à Câmara Municipal pelo vereador José Police Neto (PSD) e já em tramitação.

“A legislação determina que haja pias separadas para a lavagem de mãos e para higienização de alimentos, o que dificilmente existe em uma residência. Também proíbe a presença de animais domésticos, mas bastaria que o homechef adotasse uma barreira física que o impedisse de circular nas áreas de produção”, diz Parente.

Para a cozinheira Adélia Risse Fernandes, 66, da Marmitaria Risse, as exigências crescentes dos aplicativos demandam investimento, mas vale a pena.

Das 80 marmitas que ela entrega por dia, metade é para clientes do aplicativo Eats For You.

“Cobro R$ 14 pelos pratos que vendo fora do aplicativo, enquanto o aplicativo me paga R$ 9. Em compensação, o Eats For You me fornece embalagens e motoboy. Já pus na ponta do lápis, o faturamento é praticamente o mesmo e tenho menos trabalho, porque só preciso me preocupar com a comida”, compara.

Como crescer como homechef

Jornada
O profissional faz os próprio horários, mas os cozinheiros que faturam mais são aqueles que trabalham pelo menos quatro dias por semana, no almoço e no jantar

Investimento
É preciso ter capital de giro para os primeiros estoques de ingredientes e adaptações na cozinha

Menu
Invista em um cardápio original e produza fotos bonitas de cada prato. Ofereça refeições que possam ser entregues em menos de uma hora, o que garante maior giro;

Entrega
Adote embalagens eficientes, que não vazem e garantam boa apresentação até o destino final

Relacionamento
Capriche no atendimento aos clientes, via chat dos aplicativos, e faça bom marketing pessoal pelas redes sociais

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