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Marcas plus size criam peças para homem atento à moda

Empresas focam público crescente que busca novidades e não só tamanho maior

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São Paulo

Marcas de moda plus size voltadas a homens vêm se mobilizando para atender a demanda de um público crescente que busca novidades e quer estar atualizado com as tendências.

A produção de roupas com numeração superior ao 46 é um mercado em ascensão no Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Vestuário, entre 2018 e 2020 esse setor movimentou R$ 7 bilhões.

Alexandre, proprietário da BigShirts, fotografado na unidade da loja em Moema. - Gabriel Cabral/Folhapress


Marcas de roupas maiores sempre existiram, mas antes eram focadas em atender apenas à necessidade do tamanho, sem buscar se adaptar a tendências e a diversidade de estilos, explica Márcio Banfi, professor do curso de moda da Fasm (Faculdade Santa Marcelina).

"Existe a disponibilidade da roupa em si, mas é difícil para pessoas gordas terem acesso a novidades. Algumas marcas produzem peças maiores, mas não de todos os itens da coleção. É um mercado com potencial de crescimento."

Até hoje, o mercado plus size vinha priorizando o público feminino, diz Banfi. Segundo ele, a atenção à moda masculina começou mais tarde porque boa parte dos clientes homens resistia em consumir tendências.

Fundada em 2020, a Longford nasceu da dificuldade enfrentada pelo marido e sócio de Greicy Pucci, 38, de encontrar roupas modernas com numerações grandes.

Sediada em Franca, no interior de São Paulo, no último ano a empresa teve um crescimento de 403%. A marca tem três funcionários fixos para o atendimento presencial na loja e terceiriza a produção e modelagem das roupas.

Greicy conta que busca profissionais especializados no design de cada tipo de item. "Existem modelistas que trabalham com camisetas, outros com calças. Para cada peça que produzimos, procuramos alguém que entenda bem da área."

A empresária explica que a diferença de trabalhar com pessoas especializadas fica evidente no caimento das roupas. Segundo ela, as peças, que custam de R$ 110 a R$ 450, têm sido procuradas por um público cada vez mais jovem.

Estar atento às expectativas e demandas desse novo consumidor é importante para empresários do setor calibrarem sua produção, diz Maurício Morgado, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas), e especialista em varejo.

"O número de homens atentos à moda tem aumentado, assim como o número de pessoas plus size. É importante que o empreendedor direcione o seu negócio para acompanhar esse crescimento."

Alexandre Sawaya, 32, fundou a BigShirts a partir da percepção de que as pessoas acima do peso tinham dificuldades de encontrar roupas que transmitissem sua identidade.

"Eu já trabalhava no varejo com revenda de outras marcas e sentia que cada vez mais homens estavam insatisfeitos com as roupas de tamanhos maiores", diz. A BigShirts, criada em 2014, vende online e em suas duas lojas, no Brás, zona leste de São Paulo, e em Moema, zona sul, com faturamento anual de R$ 3 milhões.

Modelo Eduardo Reis, em ensaio da Mais Pano, marca plus-size focada no público masculino - Clayton Felizardo/Divulgação


Formado em moda, Alexandre desenha as coleções da empresa, que vão da numeração G1 à G10 —seus preços variam de R$ 59,90 a R$ 270. Segundo o empresário, um dos desafios é adequar a modelagem às numerações maiores.

"Não é só pegar uma roupa de tamanho M e aumentar a quantidade de tecido. A roupa plus size precisa de adequações porque cada corpo tem um ponto em que é maior, seja no abdômen ou no tórax."

A numeração das roupas também é um desafio para o público, que nem sempre pode confiar no que dizem as etiquetas das peças de lojas convencionais, explica Márcio Banfi, da Fasm.

"Existem camisas de tamanho G que ficam justas em pessoas magras. É difícil para o homem gordo ter certeza de que a roupa que se diz grande realmente é. Isso muitas vezes causa constrangimento para o cliente", afirma.

Inaugurada online em 2011, a Mais Pano abriu sua primeira loja física em 2018, na Vila Mariana, zona sul de São Paulo, para atender a demanda crescente dos clientes.

O proprietário, Leone Masiero, 44, trabalhava no comércio tradicional de roupas de sua família e decidiu empreender quando percebeu um aumento na quantidade de homens que procuravam peças com numeração maior.


"Muitos até achavam roupas que serviam, mas não gostavam da cor ou do caimento. Então, a Mais Pano surgiu para atender essa carência", afirma o empreendedor.

A ideia de abrir a loja se deu porque muitos clientes que já compravam no online perguntavam se existia um ponto físico para experimentar as peças e saber se cairiam bem.

O espaço ajudou a fidelizar uma parte do público que, após provar a roupa, passou a comprar frequentemente pela plataforma online.

A produção tem 17 tamanhos e preços que variam de R$ 80 (regatas) a R$ 500 (casacos e jaquetas). A empresa tem 20 funcionários, distribuídos entre atendimento físico e online e confecção. De acordo com Leone, a expectativa de faturamento da marca em 2022 é de R$ 3,5 milhões.

Uma das preocupações do empresário é manter preços equivalentes para todas as numerações —o que, segundo Leone, muitas vezes não acontece no mercado.

"Eu acho injusto que o homem que usa uma calça de tamanho 80 pague mais do que aquele que usa uma calça 60. É ruim que o cliente tenha que pagar mais caro por ser maior", diz.

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