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EUA destacam ao Itamaraty necessidade de 'resposta forte e unida' a agressão russa na Ucrânia

Secretário de Estado americano e chanceler brasileiro falaram por telefone

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Florianópolis e Brasília

Em conversa nesta segunda-feira (10) com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Carlos França, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, falou sobre a "necessidade de uma resposta forte e unida" contra uma eventual ofensiva russa na Ucrânia.

A crise no Leste Europeu vem escalando desde o fim do ano passado, quando Moscou deslocou mais de 100 mil soldados e armamentos para regiões próximas da fronteira com a Ucrânia, levando à acusação de Washington e da Otan, a aliança militar ocidental, de que pretendia invadir o país vizinho.

Militar da reserva das Forças Armadas da Ucrânia monitora linha de frente com separatistas apoiados pela Rússia perto de Avdiivka - Anatolii Stepanov - 9.jan.22/AFP

Ainda em dezembro, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, emitiu um ultimato, pedindo um compromisso da Otan de retirar suas tropas de ex-repúblicas soviéticas como Ucrânia, Geórgia e Moldova.

Em resposta, o presidente Joe Biden conversou com Putin, e os dois países iniciaram nesta segunda uma série de encontros de delegações diplomáticas para discutir a crise —a primeira reunião, como previsto, acabou sem grandes avanços. Os esforços americanos incluem também movimentações com aliados.

É nesse contexto que a crise europeia fez parte das prioridades compartilhadas por Blinken com França. Ele também valorizou a decisão do Brasil de doar vacinas contra a Covid a países latino-americanos e africanos —o repasse de 30 milhões de doses ao consórcio Covax Facility foi divulgado em dezembro.

A menção a "uma resposta forte e unida contra novas agressões da Rússia contra a Ucrânia" está no comunicado emitido pelo Departamento de Estado para noticiar o telefonema. Apesar do apelo de Blinken, o governo Jair Bolsonaro (PL) evitou adotar uma retórica dura contra os russos.

O Itamaraty destacou que, na ligação, as duas autoridades "abordaram a situação na Ucrânia e a necessidade de encontrar solução conforme o direito internacional". De acordo com a pasta, os dois "trocaram impressões e expressaram suas respectivas posições nacionais".

A linguagem sem ataques à Rússia reflete a situação do Brasil como membro do Brics, grupo também formado por Rússia, Índia, China e África do Sul. Além disso, uma provável viagem de Bolsonaro a Moscou em fevereiro seria outro motivo a, segundo diplomatas, contribuir para uma manifestação mais moderada.

A ofensiva diplomática de Biden visa garantir o isolamento da Rússia no caso de agressões à Ucrânia —os americanos querem que seus aliados tratem eventuais ações de Moscou como violação do direito internacional. Assim, o contato com o governo Bolsonaro ganha importância, porque o Brasil acaba de assumir um assento não permanente no Conselho de Segurança da ONU.

A nota do Departamento de Estado ainda cita que Blinken ressaltou a França a oportunidade de trabalhar com o Brasil no colegiado. Diplomatas ouvidos pela Folha afirmam que, no atual quadro na Ucrânia, o Itamaraty mantém a defesa de uma resolução de 2015 do Conselho de Segurança.

O texto, apresentado na ocasião pela delegação russa, destaca que a crise só poderá ser resolvida por meios pacíficos e faz menção à integridade territorial da Ucrânia —no entendimento russo, a referência excluiria a região da Crimeia, anexada por Putin em 2014.

Nota da pasta emitida na noite desta segunda reforça essa posição. "França enfatizou que o Brasil mantém sua postura de apoio a uma solução mutuamente satisfatória nos termos da resolução 2202", diz o texto. "[Ela] prevê que uma solução para a crise somente pode ser alcançada por meios pacíficos e depende da implementação de diversas medidas de desescalada previstas nos Acordos de Minsk."

Ainda segundo o comunicado americano sobre a conversa com o Itamaraty, Blinken também discutiu planos para um diálogo bilateral entre autoridades de alto nível —Biden e Bolsonaro nunca se falaram desde a posse do democrata, há quase um ano— e abordou a situação do Haiti, classificada de terrível.​

O país caribenho enfrenta uma série de crises políticas, econômicas e sociais. Em julho, o assassinato do então presidente Jovenel Moïse provocou protestos, com desabastecimento de suprimentos e casos de violência nas ruas. O crime, atribuído a mercenários, resultou na prisão de 48 pessoas, incluindo 18 colombianos e dois americanos de origem haitiana.

Além disso, a situação social do país foi agravada devido a um terremoto de magnitude 7,2, em 14 de agosto. O tremor deixou mais de 2.200 pessoas mortas e cerca de 130 mil casas danificadas. O Brasil tem ligação com o país por ter liderado a Missão de Paz da ONU.

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