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Descrição de chapéu América Latina Itamaraty

Bolsonaro insinua que colombianos querem deixar o país após vitória da esquerda

Presidente volta a criticar Petro e faz comentários com viés gordofóbico sobre Kim Jong-un e Nicolás Maduro

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (PL) insinuou nesta quinta (23) que os colombianos querem deixar o país após a vitória do esquerdista Gustavo Petro. "A Colômbia acabou de eleger um guerrilheiro do M19, parecido com Dilma Rousseff. Qual o serviço público mais procurado naquele país? Setor de passaporte. Não dá para entender o que está acontecendo?", disse Bolsonaro a apoiadores no Palácio da Alvorada.

O líder brasileiro não mencionou, no entanto, que o aumento da procura se deu, na verdade, em volume de buscas na internet, não necessariamente na emissão dos passaportes. Portais da Colômbia noticiaram o crescimento ainda no domingo (19), quando Petro venceu o segundo turno da eleição presidencial.

A plataforma Google Trends, que exibe dados de buscas sobre temas específicos, mostra que houve, nos últimos sete dias, um aumento no número de pesquisas relacionadas a passaportes na Colômbia. Não é possível afirmar, porém, que o pico de interesse no tema tem alguma relação direta com o pleito.

O presidente eleito da Colômbia, Gustavo Petro, em evento após vitória nas urnas, em Bogotá - Daniel Munoz - 19.jun.22/AFP

Petro, que é um ex-guerrilheiro, tornou-se no domingo o primeiro presidente de esquerda da Colômbia. O vice Hamilton Mourão e o Itamaraty parabenizaram o eleito, mas Bolsonaro não falou oficialmente sobre a vitória de Petro —que, na prática, amplia o isolamento do brasileiro na América Latina.

Durante a fala de Bolsonaro, um apoiador do presidente mencionou a taxa de abstenção no pleito —44%, um índice alto, mas o menor no país nas últimas duas décadas. Para o líder brasileiro, os eleitores que deixaram de ir às urnas —o voto na Colômbia não é obrigatório— "vão pagar a conta igual a todo mundo".

O presidente também voltou a criticar a decisão de Petro de, assim que eleito, libertar jovens presos nos protestos no país. "O presidente lá falou que vai soltar os meninos. Basicamente, é narcotraficante. Geralmente, quem está no tráfico é gente dessa faixa etária, até menor, porque são inimputáveis."

Em 2021, manifestações no país vizinho deixaram mais de 60 mortos, dos quais ao menos 59 eram civis, gerando uma série de acusações de violações de direitos humanos por parte dos agentes do Estado. Bolsonaro comparou a afirmação do eleito na Colômbia a uma declaração de Lula, de 2018, na qual o petista criticou a detenção de jovens de 14 e 15 anos devido a roubos de telefones celulares.

O presidente usou tom semelhante para criticar a vitória eleitoral de outros presidentes de esquerda na América do Sul, como o argentino Alberto Fernández e o chileno Gabriel Boric. É comum que Bolsonaro recorra a uma suposta ameaça do socialismo e do comunismo, que ele usa como sinônimos, para tentar justificar suas manifestações políticas contra lideranças de esquerda.

Na conversa com apoiadores nesta quinta, ele também fez comentários de viés gordofóbico sobre os ditadores Kim Jong-un e Nicolás Maduro. "Não é piada o que vou falar. Você pode ver nos países comunistas, geralmente o chefe de Estado é um gordo. Olha a Coreia do Norte, não é um gordinho? Olha a Venezuela, não é um gordinho?". Bolsonaro usou ainda como exemplo o Maranhão, governado por Flávio Dino (PSB), que deixou o PCdoB (Partido Comunista do Brasil) neste ano.

Esta não é a primeira vez que o presidente menciona a forma física do governador e de outras pessoas em tom pejorativo. Bolsonaro chegou a ser processado por racismo ao afirmar que quilombolas pesavam "sete arrobas" em 2017. No mês passado, a Procuradoria-Geral da República pediu arquivamento da ação.

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