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Iraque suspende Judiciário após ameaças de apoiadores de clérigo e aprofunda crise

Com facções xiitas em disputa, país vive pior impasse político desde a invasão dos EUA, em 2003

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Bagdá | Reuters

O Poder Judiciário do Iraque suspendeu suas atividades nesta terça-feira (23), depois que seguidores do clérigo xiita Moqtada al-Sadr, uma das figuras mais influentes da política do país, acamparam ao redor de sua sede em Bagdá para exigir a dissolução do Parlamento.

A ação agrava uma das piores crises políticas do Iraque desde que ele foi invadido pelos Estados Unidos, em 2003. No final de julho, centenas de manifestantes pró-Sadr tomaram o Legislativo em protesto contra as tentativas de grupos xiitas rivais ao clérigo de formar uma coalizão. Com isso, quase dez meses depois das eleições o governo segue paralisado.

Seguidores do clérigo xiita Muqtada al-Sadr sentam debaixo de faixa com fotografias de Sadr, à esquerda, e seu pai, aiatolá Mohammed Sadeq al-Sadr, em tenda erguida ao redor do prédio do Supremo Conselho Judicial, o maior poderoso da Justiça iraquiana, em Bagdá - Ahmad Al-Rubaye/AFP

O primeiro-ministro tampão Mustafa al-Kadhimi encurtou uma viagem oficial ao Egito para lidar com a crise. Em nota, ele afirmou que a disrupção do Judiciário "expõe o país a sérios riscos" e renovou apelos por diálogo nacional, pedindo calma a todos os lados.

O Judiciário, por sua vez, emitiu um comunicado em que afirma que a suspensão dos trabalhos é uma manifestação contra a inconstitucionalidade das ações dos apoiadores de Sadr.

O clérigo populista ganhou fama ao se opor à interferência estrangeira no país após a invasão dos EUA —fosse dos próprios americanos, fosse do Irã, criticado pelo envolvimento próximo na política iraquiana.

Embora o partido do religioso xiita tenha sido o mais votado nas eleições do ano passado, a conquista de 74 dos 329 assentos do Parlamento não foi suficiente para formar maioria e constituir um governo com legitimidade.

O bloco de grupos xiitas aliados ao Irã boicotou as tentativas de formação do governo, o que levou o partido de Sadr a deixar o Parlamento e abriu caminho para que seus adversários tentassem emplacar a escolha de Muhammad al-Sudani, próximo a Teerã, como primeiro-ministro.

Esse foi o gatilho para a ira dos seguidores de Sadr, que tomaram o Parlamento, derrubaram muros de concreto na área cercada que abriga prédios do governo e embaixadas e protagonizaram embates com as forças de segurança, com um saldo de 125 feridos. A demanda do clérigo e de seus apoiadores é a formação de um governo provisório até que novas eleições sejam marcadas.

A tensão entre as duas facções se manteve acesa em meio aos impasses políticos em meio ao temor crescente de violência em um Iraque já calejado de conflitos.

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