Apoiadores de ex-premiê bloqueiam estradas e tentam paralisar capital do Paquistão
Protestos contra atentado que mirou Imram Khan causam congestionamentos e afetam cotidiano de Islamabad
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Apoiadores do ex-premiê do Paquistão Imran Khan bloquearam rodovias no entorno da capital do país, Islamabad, provocando engarrafamentos e forçando escolas a suspenderem aulas nesta terça-feira (8).
O Paquistão vive um cenário de instabilidade há meses, mas desde sexta (4) os atos ganharam novo fôlego devido à tentativa de assassinato de Khan, baleado na perna enquanto discursava em um evento político na véspera. Apesar dos ferimentos, o ex-premiê está bem e em recuperação.
Os bloqueios se intensificaram nas principais estradas de Islamabad ainda na segunda (7). O acesso ao aeroporto internacional foi obstruído, assim como rodovias que conectam a capital a Lahore e Peshawar.
"Famílias estão presas no congestionamento há várias horas. Temos notícias de que os manifestantes não deixaram nem ambulâncias passarem", afirmou o policial Yawar Ali à agência de notícias Reuters.
Uma TV local exibiu imagens de apoiadores de Khan ateando fogo em pneus e montando acampamentos nas margens das rodovias. O governo determinou a suspensão das aulas nas escolas públicas e privadas.
Vias obstruídas e pneus em chamas, aliás, reprisam cenas vistas ainda no final de outubro, quando Khan foi impedido pelo mais alto tribunal eleitoral de disputar as eleições. O pleito está marcado para agosto do ano que vem, mas o ex-premiê foi proibido de concorrer a cargos públicos por cinco anos devido à condenação por venda ilegal de itens estatais e ocultação de bens —ele recorre da decisão.
O ex-líder tomou a frente dos protestos exigindo eleições antecipadas por meio de uma "longa marcha" iniciada na capital de Punjab, Lahore, há menos de uma semana. Em decorrência do ataque, anunciou que a marcha vai acabar na próxima quinta-feira (10) e que o último ponto de encontro será o local dos disparos, ao qual ele deve comparecer apenas por videoconferência.
Shehbaz Sharif, o atual primeiro-ministro, condenou o ataque contra o antecessor e ordenou que o Ministério do Interior iniciasse uma investigação. "Rezamos por uma rápida recuperação de Imran e dos demais feridos. A violência não deveria ter lugar na política", afirmou ele em nota.
Ex-campeão de críquete, Khan foi eleito em agosto de 2018, após uma campanha marcada por acusações de manipulação por parte do Exército, considerado uma espécie de "mão invisível" a guiar a política do país, que enfrentou vários golpes de Estado ao longo de sua história.
A oposição acusava o ex-premiê de má gestão da economia e da política externa, e sua popularidade estava baixa depois de três anos seguidos de inflação de dois dígitos e da enorme dívida pública.
Desde que foi afastado, em abril, ele alega ter sido vítima de uma conspiração articulada pelos militares, por seu sucessor e pelos EUA —acusações negadas por todos. Em maio, o ex-premiê chegou a gravar um vídeo afirmando correr risco de vida, listando os nomes dos que teriam maquinado contra ele.
Esta não foi a primeira vez em que a violência assombrou a gestão do atual primeiro-ministro. Na semana passada, o jornalista Arshad Sharif, conhecido defensor de Khan que havia fugido do país alegando perseguição do governo, foi morto em circunstâncias mal explicadas em Nairóbi, no Quênia, alvejado por policiais quando o carro em que estava ultrapassou um bloqueio sem parar.
O episódio provocou indignação no Paquistão e pedidos de abertura de uma investigação. O repórter, que era um crítico feroz do Exército, foi por muitos anos âncora de um dos programas de notícias do horário nobre de uma emissora local. O país tem ainda um longo histórico de violência política, que inclui o assassinato da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, em 2007, e a deposição e o enforcamento do também ex-premiê e pai da política, Zulfikar Ali Bhutto, em 1979.
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