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Batalha tecnológica

Bloqueio da Huawei eleva tensão entre americanos e chineses

Funcionária da Huawei usa telefone em Shenzhen, na província de Guangdong, na China - Wang Zhao/AFP

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Com o anúncio pelo governo dos Estados Unidos de que restringirá o acesso da maior empresa de tecnologia da China, a Huawei, a insumos americanos, as tensões entre os dois países sobem de patamar.

Até então, o conflito aberto se concentrava no comércio, com tarifas já em vigor sobre cerca de US$ 300 bilhões anuais em transações de parte a parte, além da ameaça de impor taxação de 25% sobre todas as suas compras do país asiático se as negociações fracassarem. 

Agora, com o bloqueio da Huawei, líder mundial em equipamentos de telecomunicações e forte candidata a liderar a corrida do padrão 5G, foi explicitada a real natureza da disputa, muito mais ampla. 

Está em jogo a liderança nas áreas que serão centrais para domínio tecnológico e projeção de poder econômico e militar a longo prazo.

Além do 5G, que lastreará o próximo salto de conectividade, os controles americanos podem abranger inteligência artificial, impressão 3D, computação avançada, robótica, sistemas de monitoramento e reconhecimento, nano e biotecnologia, entre outros. 

O caso da Huawei é apenas o mais notório; as restrições devem ser generalizadas para quaisquer empresas chinesas que possam ameaçar a liderança ainda existente das incumbentes americanas —e ocidentais em geral, dado que a preocupação dos governos europeus com  suas próprias campeãs em inovação também vai ficando evidente. 

Do ponto de vista americano, a prática chinesa se afigura desleal ao combinar subsídios pesados do governo com restrições de acesso ao seu mercado, além da alegada prática de espionagem industrial e roubo generalizado de tecnologia. 

Republicanos e democratas parecem de acordo com a ideia de que o desenvolvimento acelerado do gigante emergente resultaria em abertura política se mostrou falsa. Desse modo, estaria posta uma ameaça real para a sobrevivência do sistema internacional liderado pelos EUA desde o pós-guerra. 

Do lado chinês, aponta-se que a superpotência ocidental age numa reedição da humilhação colonial, tema que ainda encontra ressonância na opinião pública. 

Não se pode perder de vista que o comércio e a integração não são um jogo de soma zero, no qual o ganho de um corresponde a perda do outro. Mesmo assim, os dois lados, cada vez mais entrincheirados, talvez falhem em chegar a um entendimento. Nesse caso, os riscos para o mundo serão crescentes.

editoriais@grupofolha.com.br

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