Legado de Niemeyer à mercê da politicagem
Plano diretor é vital para a concessão do Ibirapuera
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Não é surpresa o meu apoio à concessão dos parques públicos de São Paulo, em especial à do parque Ibirapuera, muito em conta do que representa à população e ao país —e, principalmente, pelo patrimônio arquitetônico ali presente, que é um legado histórico aos paulistanos e uma lembrança afetuosa do trabalho de meu bisavô.
O parque Ibirapuera conecta as pessoas. É um espaço fantástico, com potencial para estar à altura dos melhores parques urbanos do mundo. Um local multifuncional: de lazer, cultura, arte, esporte e com vitais funções ambientais e pedagógicas. Principalmente, um espaço público onde os visitantes se reconectam consigo mesmos, com a natureza e com a história da metrópole. Local, portanto, de exercício da cidadania. Esteticamente, é um belíssimo marco na paisagem urbana: uma ilha verde no cinza paulistano.
Por tudo o que representa, o Ibirapuera não pode ficar suscetível aos mandos e desmandos de governos provisórios, com agendas particulares. É desejável uma gestão mais ampla e contínua, que priorize os investimentos como foco na melhoria do serviço público e conservação do patrimônio cultural e ambiental.
Uma gestão pensada para manter a essência do local, sem perder de vista o dinamismo da sociedade, as tendências contemporâneas e as novas demandas dos visitantes. O projeto de concessão pode representar essa chance pelas próximas décadas.
Temos, hoje, a possibilidade inédita de um plano diretor do parque ser aplicado na prática, visando garantir a ocupação sustentável dos espaços e a valorização do patrimônio. Um plano que integrará a concessão e dará orientações às atividades e intervenções da futura gestão. A concessionária terá de anuir com o plano diretor e se pautará por ele, tendo de cumpri-lo, algo que a administração pública sempre tratou de relegar em relação aos planos anteriores.
Há, na minuta apresentada pela prefeitura, diretrizes claras e específicas, colocadas em horizontes temporais para serem implantadas. Por exemplo, ações para melhorar a acessibilidade ao parque, o restauro da sinuosa marquise e a garantia de manutenção das áreas verdes com aumento de permeabilidade, entre outras. Não obstante, guiados por interesses e opiniões particulares, alguns grupos e políticos se opõem ao plano diretor porque sabem que sua inconclusão poderá frear o processo de concessão em si.
O que não enxergam é que a concessão, além de desonerar a prefeitura, que não tem recursos para a manutenção dos parques, possibilitará uma gestão continuada e integrada, permitindo a preservação do meio ambiente e da paisagem, a requalificação e a conservação dos equipamentos tombados, além de garantir maior acessibilidade, mobilidade e segurança.
O fim do processo de concessão por motivos políticos será um retrocesso e irá onerar o interesse público, deixando diretrizes de melhor ocupação do espaço, ações e orientações que visariam a melhoria do serviço público e a conservação do patrimônio arquitetônico apenas no papel —mais uma vez.
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