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Fora do radar

Queda de investimentos estrangeiros tem muitas razões, mas revela desconfiança com rumos do país

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Cargueiro em terminal do porto de Santos, que escoa grande parte da produção exportada pelo Brasil. - Rubens Chaves/Folhapress

Erros na condução da política econômica, falta de dinamismo interno e a péssima imagem internacional do Brasil têm contribuído para tornar o país mais irrelevante como polo de atração de investimentos.

A saída de capitais neste ano atingiu dimensão inédita. Até agosto, as aplicações financeiras de curto prazo no Brasil registraram fluxo negativo de US$ 26 bilhões.

Em parte, esse movimento pode ser atribuído a uma mudança positiva, na medida em que os juros internos baixos deixaram de atrair dinheiro especulativo. Mas há diversos outros fatores em jogo.

Mais preocupante é a redução do volume de investimentos diretos em ativos fixos e aquisição de empresas, segmento em que o país se destacou nos últimos tempos. Até agosto, o Brasil recebeu US$ 27 bilhões, 31% menos do que em 2019.

Caso mais empresas decidam que não é bom para sua imagem apostar num país que não protege o meio ambiente, uma demanda crescente de seus acionistas e clientes, o problema poderá se agravar bastante.

A pandemia também tem impacto. O mundo inteiro sofre seus efeitos recessivos, e a maioria das moedas de países emergentes se desvalorizou. O desempenho do real está entre os piores do mundo.

Uma razão é que o Brasil, entre as principais economias emergentes, é a mais endividada de todas. A fragilidade das contas públicas, com a dívida pública se aproximando de 100% do PIB (Produto Interno Bruto), fez muitos voltarem a temer o risco de insolvência.

Apesar de tudo, a depreciação da moeda nacional e a forte demanda asiática por matérias-primas contribuirão para um ajuste nas contas externas brasileiras, que alcançará, pela primeira vez desde 2006, posição superavitária na balança de transações comerciais e de serviços com o resto do mundo.

Não há sinais de descontrole inflacionário, apesar de pressões de preços em alguns setores, o que sugere que os juros poderão continuar baixos se o governo mantiver o compromisso com o teto de gastos inscrito na Constituição.

Essa combinação de fatores tende a favorecer uma retomada da atividade econômica no próximo ano, superada a fase mais aguda da crise sanitária. Mas isso dependerá de uma gestão responsável das contas públicas, de avanços na agenda de reformas e de melhorias na reputação internacional do país —ou seja, tudo aquilo que o governo Jair Bolsonaro não tem se esforçado para oferecer aos investidores.

editoriais@grupofolha.com.br

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