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Sinal verde

Alemanha define governo que sucederá Merkel, com desafios de curto e longo prazo

Olaf Scholz, que governará a Alemanha - Fabrizio Bensch/Reuters

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Depois de dois meses de intensas tratativas, o SPD (Partido Social Democrata, na sigla alemã) conseguiu enfim formar o governo que sucederá os 16 anos de comando de Angela Merkel à frente da maior economia da União Europeia.

O novo chanceler, primeiro-ministro na terminologia alemã e austríaca, será mesmo Olaf Scholz, 63, um tecnocrata que ocupava o cargo de ministro das Finanças e era o segundo homem na grande coalizão liderada pela longeva Merkel —que unia seus democratas-cristãos aos sociais-democratas.

Pode parecer continuísmo — e em diversos sentidos será, dado que o transatlântico alemão é de difícil manobra. Mas o governo formado é inédito na história do país.
Une o mais antigo partido alemão, o SPD, aos Verdes e aos liberais do FDP (Partido Democrático Livre).

Pelas cores associadas a cada sigla, é a chamada coalizão semáforo (social-democratas são vermelhos, e liberais, amarelos).

A combinação era lógica. Excluindo a CDU/CSU de um acordo, o SPD escolheu um agrupamento que ganhou 416 cadeiras no Parlamento em setembro, 48 a mais do que a maioria simples da Casa.

Há diferenças históricas entre os liberais e os verdes, mais intervencionistas, a serem administradas. Tradicionalmente, o SPD trafega na centro-esquerda e já governou antes com esses grupos.

Entretanto Scholz se mostra um social-democrata mais rosado do que vermelho, para ficar no cromatismo. Talvez até por isso tenha sido escolhido como candidato a chanceler por sua sigla, liderada por políticos à esquerda.

Terá na dupla que comanda os verdes, Annalena Baerbock (provável ministra das Relações Exteriores) e Robert Habeck (indicado a superministro ambiental), seus braços esquerdos. Já o direito deverá ser o liberal Christian Lindner, cotado para ocupar o cargo atual de Scholz e sinalizar austeridade orçamentária.

Desafios não faltam. O mais imediato é a grande nova onda de Covid-19 que atinge o país, com cobertura vacinal frágil. Mas é no longo prazo que a combinação será testada, a começar pela dicotomia entre ambiente e economia real.

Nas negociações, os partidos prometeram colocar um fim à matriz energética do gás natural até 2040. Isso esbarra na realidade atual, com as necessidades alemãs sendo supridas por Vladimir Putin.

Aí se insere a briga hercúlea em torno do novo gasoduto Nord Stream 2, que está pronto mas enfrenta protelações de Berlim, estimuladas por Washington. O tema está no centro dos boatos alarmistas de uma guerra no Leste Europeu.

A esse balé geopolítico serão adicionados temas como migração e falta de inovação. Scholz ganhou o sinal verde para seu semáforo, mas a estrada está congestionada.

editoriais@grupofolha.com.br

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