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Descrição de chapéu LGBTQIA+

Quando o combinado sai caro

Tudo que é combinado é ético?

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Geni Núñez

É doutora em ciências humanas (UFSC), mestre em psicologia social (UFSC), psicóloga e escritora. É ativista indígena e membro da Articulação Brasileira de Indígenas Psicólogos/as (ABIPSI) e da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia.

Para efetivamente combater as práticas de violência, precisamos compreender quais são as ideologias que as inspiraram.

O padre José de Anchieta, de 1584 a 1587, comenta que nunca havia presenciado nenhum indígena assassinando ou agredindo companheiras por adultério. Claro, não havia em nossos ancestrais a crença de que o que alguém faz de seu próprio corpo é um "desrespeito" com terceiros, portanto não havia motivação para violências nesse sentido. Já em uma cultura em que o direito à própria sexualidade é visto como "traição", não é de se estranhar quando as pessoas se sentem no seu direito em punir quem julgam que lhes cometeu uma ofensa.

Se Maria e Joana se beijam, João não tem que concordar ou não. Não é uma falta de respeito contra ele, nem com ninguém. Só seria falta de respeito se Joana beijasse Maria sem que Maria quisesse. Se João não concorda que Maria use minissaia, não é o tamanho da saia dela que tem que aumentar, é ele que tem de se repensar. Amar alguém não deveria dar o direito de decidir como essa pessoa lidará com a própria sexualidade, afinal, consentimento não se terceiriza.

Você deve ter o direito de escolher se quer ou não beijar alguém, qual será o tamanho da sua roupa, qual será o seu cabelo, qual será sua fé, mas não pode dizer sim ou não por outras pessoas. Não se "combina" o que não pode ser terceirizado.

Do mesmo lugar do homofóbico que se diz desrespeitado ao ver homens se beijando, vem a monogamia ensinando as pessoas a acharem que é sobre elas o exercício da sexualidade e afetividade alheia.

Se alguém combinou que ia poder decidir como o outro, adulto, se portaria com sua própria sexualidade, combinou errado: nem todo combinado é ético.

Que a expressão do amor, da confiança, da fidelidade e do respeito não seja medida pela obsessão com a vida afetivo-sexual alheia.

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