Bancada evangélica defende perpetuar a homofobia no ambiente religioso

De quebra, ajudam big techs a continuar usando emojis de cocô para dar satisfação sobre seus atos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Ranier Bragon
Ranier Bragon

Na Sucursal de Brasília desde 2003, foi correspondente em Belo Horizonte e São Luís. Formado em jornalismo pela PUC-MG. É autor, entre outras e em parceria com colegas, das reportagens sobre o patrimônio da família Bolsonaro e das candidaturas laranjas do PSL nas eleições de 2018.

Brasília

Desde os primórdios, a história está repleta de atrocidades que foram cometidas em nome de Deus. Fundamentalistas da pior espécie se esconderam atrás de uma autoproclamada santidade, de uma alegada conexão com o divino e com o suposto dom de interpretar o sagrado para, vez ou outra, queimar pessoas vivas ou atirar aviões contra prédios.

Embora tenhamos avançado —em alguns lugares do mundo, infelizmente, não—, o Congresso Nacional brasileiro está prestes a produzir mais uma ignomínia nesse sentido.

Jair Bolsonaro participa de culto da bancada evangélica no Congresso, durante a campanha eleitoral de 2022 - Pedro Ladeira-3.ago.2022/Folhapress

Trata-se do projeto de lei para combater as fake news. Parte expressiva da bancada evangélica é contra mesmo tendo forçado o relator a colocar no texto a garantia "do livre exercício da expressão e dos cultos religiosos" e a "exposição plena dos seus dogmas e livros sagrados".

Fora as religiões de matriz africana, há alguma outra igreja no país que sofra alguma ameaça contínua contra sua existência, sua liberdade de expressão e de culto?

Não há. A única ameaça real é contra a odiosa pregação discriminatória contra homossexuais, já que a homofobia e a transfobia são crimes desde 2019 por decisão do Supremo Tribunal Federal.

Esses piedosos querem perpetuar o singelo direito de continuar semeando a homofobia em seu rebanho, o direito de discriminar e fazer discriminar milhões e milhões de seres humanos que serão punidos coletivamente pelo crime de ser o que são.

De quebra, vão continuar permitindo às big techs viverem livres de qualquer regra, como bem entenderem, a ponto de se sentirem à vontade para responder com emoji de cocô a perguntas jornalísticas.

Líderes evangélicos têm o dever de se opor abertamente a esse bafo medieval exalado por charlatães que se arvoram porta-vozes de milhões e milhões de crentes país afora.

O Estado, por sua vez, deve fazer valer o seu caráter laico, sedimentando de vez o princípio de que nenhum suposto escrito sagrado justifica discriminação e violência contra seres humanos.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.