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Apoiar a causa palestina e lutar contra o antissemitismo

Binarismos impedem o diálogo e aumentam o sofrimento de ambos os povos

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VÁRIOS AUTORES (nomes ao final do texto)

O funcionamento das redes sociais, o momento político e a instrumentalização das diferentes violências têm deixado o campo de análises estreito, a reflexão limitada e imposto desafios para o diálogo, como se assumir posição sobre algo fosse não se posicionar sobre outro algo.

Na atual situação do Oriente Médio, discursos excludentes pautam o debate, posicionamentos são aglutinados e distorcidos para fins políticos. Para alguns setores, a defesa do povo palestino só pode ser compreendida como manifestação antissemita; para outros, a luta contra o antissemitismo é um alinhamento automático à extrema direita israelense.

Soldados israelenses na Faixa de Gaza, no final de março - Avishag Shaar-Yashuv - 31.mar.2024/The New York Times - NYT

É preciso compreender a interdependência entre a luta pela causa palestina e o enfrentamento do antissemitismo. Lutar contra o governo de extrema direita de Israel, contra a invasão de Rafah, contra a ocupação ilegal dos territórios palestinos reconhecidos internacionalmente, pelo cessar-fogo imediato, pela entrada de ajuda humanitária em Gaza, assim como exigir segurança para os israelenses e clamar pelo retorno dos sequestrados. Da mesma forma, é fundamental lutar contra o antissemitismo que se alastra, disseminando discursos que igualam o governo de Israel à sociedade do país e responsabilizam os judeus ao redor do mundo por seus atos.

O crescimento do antissemitismo nos dói, fere nossa dignidade e nos nega a possibilidade de luto pelos ataques do Hamas em 7 de outubro. Ao mesmo tempo, fortalece a extrema direita, alimentando o discurso extremista e o nacionalismo bélico, apontados como única resposta possível ao lidar com um problema antigo, que todos os judeus conhecem.

Foi essa instrumentalização que acionou, por exemplo, a repressão nas universidades norte-americanas. A denúncia do antissemitismo presente nos atos não pode servir para calar as manifestações, mas ao contrário: extinguir o antissemitismo é necessário para conferir maior legitimidade a elas.

O antissemitismo não é uma ficção ou um sentimento persecutório sem base na realidade, mas uma violência que constrói e sustenta imagens, ideias e práticas de repulsa aos judeus. A instrumentalização pela extrema direita só é possível por estar presente nos discursos e atos vinculados à esquerda. Afinal, não se pode instrumentalizar algo que não existe.

Relativizar ou negar os ataques a civis israelenses, calar-se frente às evidências de abuso sexual e pregar a destruição e expulsão dos judeus daquele território enfraquece a causa palestina. Radicalizar a luta contra o massacre em Gaza e contra a escalada da violência generalizada na região é manter, ao mesmo tempo, o apoio ao movimento palestino e à luta contra o antissemitismo.

A solução deve incluir todos os que habitam aquela região. Trazer a pauta para o campo da esquerda significa amplificar o clamor pelo cessar-fogo e pelo fim da guerra.

O eixo Hamas-Netanyahu enfraquece palestinos e israelenses. Os binarismos impedem o diálogo, produzem sensibilidades seletivas, aumentam o sofrimento dos povos envolvidos, silenciando quem luta pela convivência, por reparações e soluções políticas que busquem justiça e paz concreta.

Benjamin Seroussi
Clarisse Goldberg
Daisy Perelmutter
Gabriel Douek
Ilana Katz
Laura Shdaior
Lia Vainer Schucman
Marcelo Semiatzh

Integrantes do coletivo Judias e Judeus pela Democracia SP

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