Siga a folha

Descrição de chapéu Eleições 2024 São Paulo

Ala do PSDB favorável a Nunes planeja protesto contra Datena em convenção

Apresentador se reuniu com cúpula tucana para discutir detalhes do evento marcado para sábado (27)

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

Tucanos que se opõem à pré-candidatura de José Luiz Datena pelo PSDB planejam ir à convenção do partido, marcada para sábado (27), que tem o objetivo de confirmar o apresentador na disputa pela Prefeitura de São Paulo.

A iniciativa é liderada pelo ex-presidente municipal do PSDB Fernando Alfredo, que é aliado do prefeito Ricardo Nunes (MDB). Na prática, boa parte dos tucanos engrossa a gestão e a pré-campanha à reeleição de Nunes embora o partido tenha decidido lançar Datena.

O apresentador, por sua vez, é endossado pelas direções nacional, estadual e municipal do PSDB —esta última a cargo do ex-senador José Aníbal, que substituiu Fernando Alfredo após uma intervenção promovida pelo comando tucano em Brasília.

Fernando Alfredo, ex-dirigente do PSDB na capital de SP, e o prefeito Ricardo Nunes durante um evento do partido - Folhapress

Segundo Fernando Alfredo, a ideia é levar de 800 a 1.000 filiados para a convenção e pressionar Datena a debater com a militância. Essa ala pretende ainda lançar o nome de Alfredo como candidato alternativo a Datena como uma forma de protesto.

Do ponto de vista formal, porém, dificilmente a oposição terá êxito na convenção. Como o PSDB na capital é formado por uma comissão provisória, a convenção não envolve a votação em um colegiado amplo de delegados, mas apenas a própria executiva municipal —em que Aníbal tem maioria.

Marconi Perillo, presidente do PSDB, afirmou à Folha que o partido é democrático. "Todo mundo tem o direito de se manifestar [na convenção], mas a decisão está tomada."

Datena, Perillo, Aníbal e o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) se reuniram na tarde desta quarta-feira (24) em mais uma sinalização de que o apresentador, desta vez, estaria firme em sua decisão de concorrer.

Segundo Perillo, a maior parte da conversa foi a respeito da elaboração de um plano de governo para Datena e não se falou em desistência. "Foi uma conversa com quem vai sair candidato oficial a partir de sábado", resumiu.

A discussão a respeito do plano vai ao encontro de uma das preocupações da equipe tucana, de convencer o eleitor de que Datena é capaz de conduzir a cidade —até agora, as entrevistas do pré-candidato foram pouco propositivas e se concentraram mais em críticas à gestão Nunes.

Aécio afirmou em nota que o grupo encontrou Datena "determinado a ser candidato". "Datena é extremamente competitivo e o partido vai homologar sua candidatura no sábado", disse.

Em nota, o PSDB declarou que os tucanos "ajustaram os últimos detalhes da convenção [...], definiram as agendas das próximas semanas de pré-campanha e estratégias de campanha".

Aécio Neves, Datena, Marconi Perillo e José Aníbal em reunião sobre a convenção do PSDB, no sábado (27) - Divulgação PSDB

O partido também já determinou o valor do fundo eleitoral disponível para Datena: R$ 8 milhões (cerca de 5,4% do total da legenda). Em 2020, Bruno Covas (PSDB) teve R$ 11,8 milhões (9% do fundo).

O apresentador não divulgou seu candidato a vice, mas, em entrevista à Folha, disse confiar em Aníbal e no ex-vereador Mario Covas Neto, o Zuzinha.

Nos bastidores, dirigentes do PSDB avaliam que Datena foi injusto ao cobrar apoio do partido e dizer que tem levado "tiros" vindos de tucanos, já que a cúpula está comprometida com sua eleição e a oposição se concentra em Fernando Alfredo e outros aliados de Nunes. Perillo chegou a responder ao apresentador que o PSDB não era dirigido por "sacanas ou golpistas".

Em entrevista à Folha, Datena afirmou que poderia desistir da candidatura se não tivesse respaldo do partido, mencionando possíveis confusões na convenção tucana enquanto na de outros pré-candidatos houve aclamação.

"Se sábado eu sentir que os caras vão me encher o saco na convenção, eu não vou. Acabou. [...] Essas convenções [dos partidos] vão ser por aclamação e com gente pesada. Se a nossa for porrada para todo lado, no que vai me ajudar? [...] A partir do momento que eu não me sinta respaldado totalmente pelo partido, que haja palhaçada nessa convenção, que tenha manifestações...", disse nesta segunda (22).

A pré-candidatura do apresentador é vista com ceticismo no mundo político e mesmo dentro do PSDB, já que ele desistiu de disputar outras quatro eleições. Na entrevista, Datena não descartou desistir e fez uma comparação com Joe Biden, presidente americano que abandonou a disputa pela reeleição.

Em seguida, porém, ao Flow Podcast, Datena afirmou nesta terça-feira (23) que não iria desistir.

Pelas redes sociais, Fernando Alfredo havia proposto a Datena um debate entre eles, mas o apresentador recusou. "Ele me disse para esperar até 2028, mas eu não quero esperar. Eu tenho condições de disputar agora", afirmou Alfredo à reportagem.

Para aliados de Datena, a estratégia de protestar na convenção pode acabar prejudicando Nunes, já que o peso de uma eventual confusão pode recair sobre ele, além de evidenciar que a presença do apresentador na disputa lhe incomodaria.

Em seu Instagram, o ex-dirigente tucano disse estar se preparando para sábado. "Iremos lá colocar nosso ponto de vista e nossas opiniões." Ele ainda afirmou à Folha que Datena "joga palavras ao vento sem entender nada de gestão pública" e criticou o alinhamento que ele enxerga entre o apresentador e Guilherme Boulos (PSOL), pré-candidato apoiado pelo PT e que é o principal adversário de Nunes.

"Vamos lá pressionar, perguntar por que ele não quer debater com a militância. Não queremos que ele renegue o debate e renegue o partido. Quero, por exemplo, que ele faça uma comparação entre as gestões tucanas em São Paulo e as petistas, que ele elogia quando fala do Boulos. A militância quer discutir essas questões", disse.

De acordo com Fernando Alfredo, outra razão para ir à convenção são as ameaças de retaliação e expulsão por parte do PSDB. Dirigentes do partido haviam dito inicialmente que esperavam que a oposição interna a Datena não fosse ao evento.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas